Andry Rajoelina reeleito Presidente do Madagáscar


Antananarivo - “O povo malgaxe escolheu a "continuidade" e a "estabilidade", enfatizou, domingo, Andry Rajoelina, após ser proclamado vencedor na primeira volta das presidenciais no Madagascar, numa corrida eleitoral marcada por acentuados episódios de crispação e em que enfrentou adversários de grande experiência política, entre os quais o antigo Presidente da República Marc Ravalomanana.
"O povo malgaxe escolheu o caminho da continuidade, da serenidade e da estabilidade", declarou Rajoelina, de 49 anos, que obteve 58,95% dos votos expressos nas eleições realizadas em 16 de Novembro, declarados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI). Os resultados finais têm de ser ainda homologados pelo Supremo Tribunal Constitucional malgaxe.
Em reacção à vitória de Rajoelina dez candidatos da oposição afirmaram não reconhecer os resultados eleitorais. O vencedor, Rajoelina, um antigo DJ, conquistou assim um segundo mandato de cinco anos, apoiado pelo Tanora Malagasy Vonona (TGV, Jovens Malgaxes Determinados), partido de que é líder.
Doze candidatos, entre eles os antigos presidentes Marc Ravalomanana e Hery Rajaonarimanpianina, que apelaram ao boicote das eleições, estão em dificuldade para digerir a derrota, quando davam como certo triunfo sobre o Presidente reeleito.
Andry Rajoelina nasceu em 30 de Maio de 1974, em Antsirabe, a terceira maior cidade do país, no seio de uma família abastada em que o pai, o coronel Roger Yves Rajoelina, actualmente reformado, combateu no exército francês na Argélia. Depois de completar os estudos secundários, Rajoelina abandonou a escola e optou pela indústria do espetáculo.
Destacou-se como DJ na capital, Antananarivo, antes de entrar no mundo dos negócios, por volta de 2000. Em 2007, o jovem Rajoelina tornou-se proprietário das estações de rádio e televisão "Viva” e candidatou-se à presidência da câmara de Antananarivo, liderando pela primeira vez o partido TGV, um acrónimo que faz referência ao comboio francês de alta velocidade. Aos 33 anos, foi eleito presidente da câmara com cerca de 63% dos votos.
Um ano mais tarde, esteve na vanguarda de uma campanha contra o Presidente Marc Ravalomanana, a quem acusou de violar o direito à liberdade de expressão depois de ter encerrado a Viva por causa de uma entrevista com o antigo Chefe de Estado Didier Ratsiraka.
O encerramento das duas estações pelo Governo, que considerou a entrevista um atentado à "paz e à segurança" do país, levou a uma manifestação na capital malgaxe, em 26 de Janeiro de 2009, liderada por Rajoelina, em que pelo menos 104 pessoas foram mortas em incidentes violentos.
Cinco dias mais tarde, o jovem empresário proclamou-se "responsável pelos assuntos do país", nomeou um gabinete de "transição" e, com a ajuda do exército, abandonou o cargo de presidente da câmara e derrubou Ravalomanana através de um golpe de Estado.
Ravalomanana exilou-se na África do Sul e regressou em 2014, depois de ter sido condenado em 2010 "in absentia" a prisão perpétua e trabalhos forçados pela repressão da manifestação que levou ao seu derrube.
Desde o golpe de Estado, o Governo de Rajoelina tem sofrido o ostracismo internacional e foi suspenso da União Africana (UA) e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) até ao restabelecimento da ordem constitucional.
A SADC apelou a Ravalomanana e a Rajoelina para que renunciassem a participar nas eleições de 2013, a fim de pôr termo à crise política.