ELEIçõES
Félix Tshisekedi alarga vantagem nas eleições presidenciais

28/12/2023 19h07
Kinshasa - Os resultados parciais provisórios das eleições presidenciais na RDC publicados mais recentemente pela Comissão Nacional Eleitoral Independente (CENI) aumentam o distanciamento entre Félix Tshisekedi, em primeiro lugar, e Moise Katumbi, logo a seguir.
A tabela divulgada no centro “Bosolo” atribui 4 milhões 835 mil e 253 votos a Tshisekedi, o que corresponde a 78,98% do total de boletins válidos apurados.
Moise Katumbi tem 14,27% da preferência do eleitorado, equivalente a 873.616 votos. Martin Fayulu mantém-se na terceira posição com 258.903 votos,equiparado a 4,23%. O ginecologista Denis Mukwege, agora na 11ª posição, subiu um lugar comparativamente à contagem anterior. Soma 7.103 votos, que perfazem 0,12% do consolidado geral. Marie-José Ikufu, única mulher a disputar a presidência da República, ocupa o 15º lugar da preferência do eleitorado congolês, com 5.668 votos, ou seja 0,09%.
Os dados são referentes a exactos 6 milhões 122 mil e 456 votos. De acordo com a tabela actualizada na noite de terça-feira, são concernentes a 52 circunscrições eleitorais. A CENI registou para as presentes eleições gerais cerca de 44 milhões de eleitores, mas ainda não divulgou a taxa de participação.
O factor pode estar relacionado ao conjunto de dificuldades logísticas e técnicas que estenderam o período de votação muito para além do dia 20 de Dezembro em localidades de difícil acesso.
Entretanto, a Polícia Nacional congolesa impediu quarta-feira a realização da denominada "grande manifestação”, convocada por cinco candidatos às eleições presidenciais para protestar na Comissão Nacional Eleitoral Independente (CENI) contra as alegadas irregularidades que mancharam o processo.
Dados oficiais confirmam o ferimento de dois polícias e 11 civis, na sequência de confrontos entre as forças policiais e manifestantes.
Notícias divulgadas por diferentes meios de comunicação social e publicações nas redes sociais dão conta do lançamento de gás lacrimogéneo pela polícia em frente a casa de Martin Fayulu, onde se concentraram vários apoiantes do candidato à Presidência. Muitos manifestantes tentaram interditar as vias com pneus em chamas e arremesso de objectos contra as forças policiais.
Martin Fayulu continua a afirmar que os resultados publicados pela CENI não reflectem a realidade, por isso se juntou aos candidatos para marchar pela anulação do pleito, que considera "simulacro de eleições”.
Fontes afectas aos organizadores da marcha indicam que onze cidadãos foram feridos na contenda com a Polícia que, por sua vez, regista dois agentes feridos.
Entretanto, o comissário provincial da polícia em Kinshasa, general Blaise Kilimba Limba, acusou a oposição de usar menores durante a tentativa de protesto popular contra as irregularidades registadas nas eleições.
Sublinhou, durante uma conferência de imprensa, que os organizadores colocaram em primeiro plano menores não supervisionados pelos pais, razão considerada suficiente para a Polícia os deter, com a finalidade de justificarem a presença de crianças no local da manifestação.
O panorama mediático da RDC tem reflectido nos últimos dias informações que atestam o aumento da tensão política. As declarações do Vice-Primeiro-Ministro do Interior, Peter Kazadi, feitas segunda-feira, a propósito da contestação dos resultados eleitorais mereceram ampla repercussão.
Na ocasião, o governante criticou duramente a Frente Comum para o Congo (FCC), partido de Joseph Kabila, enquadrando-o no leque de "ameaças internas e externas”.
A senadora Francine Muyumba, membro do comité executivo da FCC, evocou o direito à livre expressão política para reagir às "declarações musculadas”. Recordou o passado político da União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS), actual partido no poder, enfatizando que os seus integrantes "não permaneceram calados”, em 2006, quando boicotaram o processo eleitoral.
O comentário respondeu directamente a Peter Kazadi, por ter pedido silêncio ao partido de Kabila, que não participou no processo eleitoral.