Projecto de extracção de gás natural em Moçambique em fase avançada
Maputo - A ExxonMobil prevê concluir o design técnico do projecto de extracção de gás natural na província de Cabo Delgado (norte de Moçambique) dentro de um ano, anunciou, esta segunda-feira, em Nova Iorque, um dos vice-presidentes da petrolífera norte-americana.
Walter Kansteiner que é o vice-presidente da ExxonMobil para relações exteriores, revelou o facto, em declarações aos jornalistas, ao sair de uma reunião que manteve com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que termina hoje uma visita aos Estados Unidos.
O projecto da Exxon em Cabo Delgado – província a norte afectada há quase sete anos por ataques terroristas – previa, conforme estimativas iniciais, uma produção de 15,2 milhões de toneladas de gás por ano, mas actualmente a companhia antevê uma produção anual de 18 milhões de toneladas.
Em Agosto, o Presidente moçambicano disse que a ExxonMobil prevê tomar uma decisão sobre o projecto de extração de gás natural no norte de Moçambique apenas em 2026.
O chefe de Estado, que recebeu, em Maputo, em 14 de Agosto, o presidente da ExxonMobil Upstream, Liam Mallon, explicou na altura que discutiu com o responsável da petrolífera norte-americana “os progressos no âmbito do projecto LNG” na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, norte do país.
“Centrámos as nossas discussões na fase de engenharia inicial do projecto, agora com planos para finalizar as aprovações e tomar a decisão final de investimento até 2026.
Apresentando avanços significativos, ficou reiterado que este projecto será uma das iniciativas menos poluentes e com todo o potencial para um futuro promissor no setor de gás natural liquefeito”, explicou Nyusi.
O diretor-geral da ExxonMobil em Moçambique, Arne Gibbs, tinha avançado, em 03 de maio, a possibilidade de a decisão sobre o investimento ser tomada no final de 2025.
Estamos optimistas, estamos a avançar, mas reconhecemos que há ainda desafios”, disse o responsável, avançando então a Decisão Final de Investimento apenas para o final do próximo ano.
As declarações de Gibbs surgiram na mesma semana em que o Presidente de Moçambique disse que o financiamento não é motivo para atrasar a implementação dos mega projectos de gás natural, liderados pela francesa TotalEnergies e pela norte-americana ExxonMobil.
“É fundamental isso [avançar com os projectos], porque não pode ser problema de decisão financeira, agora, associado à situação terrorista.
Esse projecto já existia, já é antigo. Isso significa que havia clareza na sua execução. Não pode encalhar por esta razão, que se procurem outras”, criticou Filipe Nyusi, durante a 10.ª edição da Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique.
Em concreto, apelou aos concessionários da Área 1, liderada pela TotalEnergies, que, perante a “gradual promissora estabilidade” na península de Afungi, distrito de Palma, Cabo Delgado, “acelerem o desenvolvimento da retoma dos projectos em terra”, e que, na Área 4, em terra liderado pela ExxonMobil, “se acelere o processo conducente à Decisão Final de Investimento, com os devidos ajustamentos ao Plano de Desenvolvimento aprovado em 2018”.
Na mesma intervenção na conferência, o chefe de Estado afirmou que a “demora” na concretização deste tipo de projectos “provoca problemas”, porque a “expectativa dos países é enorme” e “as pessoas ficam a pensar que uma parte do seu problema pode estar resolvido”.
Nas declarações anteriores, Arne Gibbs confirmou que a petrolífera deu por concluído o trabalho preliminar de engenharia e design do projecto de 18 milhões de toneladas por ano, na bacia do Rovuma, e que o grupo de engenheiros e designers iria começar o projecto “nos próximos meses”.
Sobre a insurgência que parou as obras em março de 2021, Gibbs comentou: “Houve melhorias significativas na situação de segurança desde que começámos, em 2021, e sabemos que ainda há mais trabalho a ser feito”.
O projecto do Rovuma LNG será “o maior projecto de gás natural liquefeito em África, e pode ser o maior projecto na história africana”, acrescenta Gibbs.