ANIMAIS
África continua a não explorar o potencial dos recursos animais

05/02/2025 12h40
Luanda - O continente não está a explorar todo o potencial dos seus recursos animais, em grande parte devido ao facto, de não conseguir aproveitar plenamente as oportunidades disponíveis e enfrentar os principais desafios, como a alimentação e a saúde dos animais.
Este pronunciamento foi feito, em Addis Abeba (Etiópia), pela Comissária da União Africana, Josefa Sacko, durante a sua intervenção no lançamento do Programa Pan-Africano para a Erradicação da Peste dos Pequenos Ruminantes de África(PPR).
A diplomata frisou que a maioria dos países africanos continua a enfrentar dificuldades de alcançar um nível adequado da segurança alimentar e nutricional, para uma população em constante crescimento, preservando de forma sustentável os recursos naturais.
Sublinhou que uma das soluções para este grande desafio reside no sector dos recursos animais, neste particular, a pecuária que é um meio de subsistência crucial para as populações rurais de África e reveste-se de grande importância estratégica para a segurança alimentar e nutricional do continente e para o comércio intra-africano e nternacional.
Disse que na ausência de um aumento da produção e da produtividade pecuária, a procura crescente de alimentos de origem animal será satisfeita através de um aumento das facturas de importação de gado para muitos países africanos.
Além disso, assegurou que, a incapacidade de transformar e expandir o sector pecuário africano terá efeitos indesejáveis, nomeadamente, o abrandamento do crescimento das indústrias locais, falta de oportunidades de emprego, especialmente para os jovens e as mulheres, redução dos rendimentos dos pastores africanos e perda de receitas fiscais.
“Por conseguinte, ao investir na produção animal sustentável, estamos não só a impulsionar as economias locais, mas também a promover o empreendedorismo, especialmente entre os nossos jovens e mulheres, e a reduzir a migração rural-urbana”, alertou a Comissária da UA.
Afirmou que o sector pecuário africano contribui, em média, com pelo menos mais de 40% para o PIB agrícola e tem potencial para gerar um crescimento impulsionado pelo sistema agroalimentar e a transformação socioeconómica.
“Como continente, precisamos de mudar esta narrativa e catalisar investimentos tanto do sector público como do sector privado, em conformidade com a declaração de Kampala e da estratégia e o plano de ação do CAADP para concretizar as aspirações da Agenda 2063, a África que queremos”, defendeu .
No seu entender, para virar o quadro existente, a prioridade atribuída à erradicação da peste dos pequenos ruminantes em África, contribuirá significativamente para os principais objectivos da Agenda 2063, no reforçou a segurança alimentar e o crescimento económico e promover a integração regional através do comércio seguro de animais e produtos animais.
Indicou que, das projeções feitas, a erradicação deste mal, requer um orçamento estimado em 528 milhões de Euros para a concretização do programa, que vai necessitar das colaborações, parcerias e coligações de todas as partes interessadas para mobilizar os recursos.
Dados concretos do Gabinete Inter-Africano de Recursos Animais da União Africana ( AU-IBAR), África tem cerca de mil milhões de ovinos e caprinos, o que representa 24% e 31% da população mundial de pequenos ruminantes, respetivamente.
A maioria dos pequenos ruminantes no continente africano é criada principalmente em zonas áridas e semi-áridas e constitui um bem crucial e uma rede de segurança para os pobres, especialmente para as mulheres e os grupos de pastores, que são vulneráveis aos choques socioeconómicos.
No entanto, a sua produção e produtividade, são principalmente prejudicadas pela peste dos pequenos ruminantes (PPR), uma doença mortal dos ovinos e caprinos com grandes impactos socioeconómicos e comerciais.