Reino Unido assegura continuidade do Acordo de Financiamento do Clima


Pretoria - A Parceria para a Transição Energética Justa (JETP, em inglês), vai avançar na África do Sul, apesar da retirada dos Estados Unidos da América (EUA), enquanto outros parceiros se mantêm comprometidos, referiu Rachel Kyte, a enviada do Reino Unido com o pelouro do Clima, noticiou hoje o portal Moneyweb.
O JETP é um acordo climático avaliado em 9,3 mil milhões de dólares entre as nações mais ricas para ajudar os países em desenvolvimento na transição do carvão para uma energia mais limpa.
Os EUA tinham planeado contribuir com cerca de mil milhões de dólares em empréstimos comerciais para a JETP, acordada durante o mandato do então Presidente Joe Biden.
Neste contexto, foram celebrados compromissos semelhantes com a Indonésia e o Vietname. A França, a Alemanha, a União Europeia (UE), o Reino Unido, os Países Baixos e a Dinamarca fazem parte do acordo com a África do Sul.
“A retirada dos EUA é lamentável. O resto do mundo segue em frente”, afirmou Rachel Kyte, numa entrevista concedida na capital sul-africana, Pretória, na quinta-feira passada.
Esperava-se que o Presidente Donald Trump, que sucedeu a Biden em Fevereiro passado – e que entrou em conflito com a África do Sul devido à expropriação de terras e às suas políticas externas – se retirasse do acordo devido ao seu cepticismo em relação ao alerta global sobre o congelamento do apoio.
Uma unidade do Gabinete do Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa apontou que a notificação da retirada dos EUA do acordo climático tinha sido recebida, sem dar mais pormenores.
Kyte sublinhou não ter conhecimento se os EUA também se retiraram dos programas do Vietname e da Indonésia.
A África do Sul depende do carvão para produzir cerca de 80% da sua electricidade e tem a economia com maior intensidade de carbono de todos os países do Grupo dos 20. O financiamento do JETP dependia do facto de o país africano diminuir a sua dependência dos combustíveis fósseis que provocam o aquecimento climático.
A implementação do programa tem sido liderada pela França e pela Alemanha que, até à data, concederam 1,6 mil milhões de dólares em empréstimos concessionais.
Os programas JETP foram inicialmente aclamados como um grande avanço quando foram concebidos em 2021 porque, pelo menos em teoria, resolviam um problema crucial: como reunir dinheiro público e privado para tornar economicamente viável que as grandes nações em desenvolvimento se libertassem do uso do carvão para produzir electricidade. O projecto da África do Sul foi o primeiro a ser aprovado.
No entanto, até agora, a iniciativa tem tido dificuldade em atingir muitos dos objectivos pretendidos devido à lentidão dos progressos nos esforços de financiamento, às mudanças de liderança política na Indonésia e no Vietname e à complexidade do encerramento de centrais eléctricas que, muitas vezes, ainda têm muitas décadas de vida operacional.
Os cortes de energia recorrentes na África do Sul também aumentaram a possibilidade do fecho de algumas centrais do país. Muitas delas estão perto das datas de encerramento obrigatórias e algumas estão a ultrapassá-las.
Em 2024, o investimento anual na transição energética ultrapassou os dois biliões de dólares a nível mundial, mas esse valor representa apenas cerca de 37% do total necessário para colocar o mundo no caminho das emissões líquidas nulas até 2050, segundo um relatório da BloombergNEF de 30 de Janeiro.
No mês passado, fontes próximas das discussões afirmaram que estão a decorrer conversações entre os parceiros internacionais para manter a dinâmica do programa à medida que os EUA recuam.