SADC ordena retirada das tropas destacadas no leste da RDC


Gaberone - Os países que compõem a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) ordenaram quinta-feira, numa cimeira `online`, a retirada das suas forças de paz destacadas no leste da República Democrática do Congo (RDC), noticiou hoje a agência Reuters.
"A cimeira pôs termo ao mandato da SAMIDRC [a missão militar da SADC] e ordenou o início de uma retirada gradual das tropas da SAMIDRC da RDC", afirmaram os líderes num comunicado conjunto emitido no final de uma cimeira extraordinária.
A agência Lusa também noticiou o facto e comentou que a decisão foi tomada depois de 18 soldados da SAMIDRC (a maioria sul-africanos) terem sido mortos no final de Janeiro, quando o grupo rebelde M23 avançou em direção a Goma, a capital da província do Kivu-Norte, no leste da RDC, que acabou por conquistar depois de intensos combates.
"Na cimeira foi referida a dedicação à resolução do conflito em curso na RDC e foi reafirmado o empenho da SADC em apoiar as intervenções destinadas a alcançar uma paz e uma segurança duradouras no leste da RDC", segundo o comunicado.
O documento da SADC sublinha ainda "a necessidade de uma solução política e diplomática com todas as partes, incluindo as estatais, não-estatais e civis, para o restabelecimento da paz, da segurança e da tranquilidade na RDC" face às "crescentes necessidades humanitárias" na região.
A SADC enviou a sua missão para o leste da RDC em Dezembro de 2023 para apoiar as operações do exército democrático-congolês contra vários grupos rebeldes, e prorrogou o seu mandato por mais um ano em 2024.
Esta declaração da SADC foi divulgada um dia depois de a Presidência angolana ter anunciado que o Governo da RDC e o M23 vão realizar conversações de paz em Luanda, capital de Angola, em 18 de Março, após várias recusas de Kinshasa em abordar o conflito diretamente com o grupo.
O M23, composto maioritariamente por cidadãos tutsis congoleses, obteve ganhos territoriais significativos nas últimas semanas, uma ofensiva que levou a RDC a acusar diretamente o Rwanda de enviar tropas para o seu território para apoiar as operações do M23.