General Brice Nguema vence eleições presidenciais no Gabão


Libreville - O general Brice Oligui Nguema, líder da junta militar no Gabão, desde o golpe de estado de 2023, venceu as eleições presidenciais de sábado último, com mais de 90,35 por cento dos votos.
Os resultados oficiais provisórios indicam Brice Clotaire Nguema como o vencedor das eleições presidenciais, com uma maioria absoluta, obtendo 575 mil 222 votos, correspondente a 90,35 por cento da votação.
Os resultados provisórios foram anunciados, ao inicio da noite de domingo, pelo presidente da Comissão de Eleições e ministro do Interior do Gabão, Hermann Immongault, quando havia ainda alguns votos por contar, mas nada que mude o resultado final eleitoral.
Brice Clotaire Oligui Nguema, general de 50 anos, derrotou o antigo primeiro-ministro Alain Claude Bilie-By-Nze, que reuniu apenas três por cento dos votos, enquanto os restantes seis candidatos presidenciais não ultrapassaram um por cento da votação.
O Ministério do Interior anunciou ainda uma afluência às urnas de 87,21 por cento nas eleições presidenciais de sábado último, que tinha inscritos cerca de 920 mil eleitores, incluindo mais de 28 mil residentes no estrangeiro, que votaram em mais de três mil assembleias de voto.
Numa primeira reacção aos resultados, o próximo Presidente do Gabão, Brice Oligui Nguema, falou num novo capítulo para o país.
"Temos de virar a página das eleições presidenciais. O nosso país continua a desenvolver-se. Convido-vos a retomar as vossas actividades profissionais nesta quinta República que chamamos com todos os nossos desejos. Sejamos construtores, construtores de paz e de justiça. Obrigado por esta grande vitória", declarou o general.
"Já há muito tempo que não votava, mas desta vez vi uma réstia de esperança ou algo que me fez ir votar", disse, por sua vez, um eleitor. "A minha voz contou, de facto. O meu voto contou, por isso estou muito, muito feliz com isso.", disse um outro, citado pela DW e AP.
"Antes, nem sequer podíamos sair à rua. Houve tiros, a Internet foi cortada e as lojas foram saqueadas. Mas desta vez, tudo correu muito bem, sem quaisquer problemas", elogiou um outro cidadão gabonês.
"O que eu espero do futuro do Presidente eleito é que ele continue o que começou a fazer. Em menos de dois anos, ele já fez muito. Por isso, gostaríamos que ele fizesse mais, como disse, como prometeu", concluiu outro eleitor.
A realização das eleições presidenciais formalizou constitucionalmente o fim da família de Bongo, que esteve no poder desde 1967.
Independente da França desde 1960, o Gabão passou a ser governado desde 1967 pela família Bongo: primeiro por Omar Bongo (1967-2009) e depois pelo filho, Ali Bongo (2009-2023).
O brigadeiro-general Brice Oligui Nguema liderou o golpe que destituiu o primo, Ali Bongo, a 30 de Agosto de 2023, no mesmo dia em que foram anunciados os resultados oficiais das eleições presidenciais desse ano.
Na altura, os militares justificaram o derrube de Ali Bongo com a manipulação e falta de credibilidade do escrutínio, e Oligui Nguema, em vez de apelar a uma análise independente da contagem dos votos para reconhecer o vencedor legítimo, decidiu auto-nomear-se Presidente de transição.
Apesar da riqueza petrolífera de que dispõe e do rendimento per capita de 08 mil euros, um dos mais elevados de África, a taxa de desemprego é de 30 por cento e, segundo a ONU, 44,7 por cento da população vive abaixo do limiar de pobreza.