ELEIçõES

Eleições presidenciais no Gabão decorrem este sábado

Actual líder militar do Gabão é um dos candidatos às presidenciais  - DR
Actual líder militar do Gabão é um dos candidatos às presidenciais Imagem: DR

12/04/2025 20h14

Libreville - Cerca de 850 mil eleitores participam, este sábado, nas eleições presidenciais no Gabão, que vão marcar o fim oficial do período de transição, após o golpe de estado militar, em Agosto de 2023.

Segundo fontes ligadas ao processo, o escrutínio pode ser um passo decisivo para o regresso à ordem constitucional e à governação civil.

O actual Presidente de transição, general Brice Clotaire Oligui Nguema, surge como o candidato em vantagem, entre os oito concorrentes ao cargo.

Brice Clotaire Oligui Nguema, que depôs Ali Bongo Ondimba e assumiu a presidência interina, promoveu, em finais de 2024, uma revisão constitucional para permitir que os militares em função pudessem concorrer a cargos políticos, dando lugar a sua própria candidatura.

Desde então, Brice Clotaire Oligui Nguema tem cultivado uma imagem de "construtor", apoiado por uma coligação alargada de associações, sindicatos e partidos, reunidos no movimento Rassemblement des bâtisseurs (União dos Construtores), tendo a sua campanha eleitoral sido marcada por uma presença constante nos órgãos de comunicação e por grandes mobilizações populares, sobretudo em Libreville, capital do país.

Entre os restantes sete candidatos, que procuram apresentar alternativas à liderança de Brice Clotaire Oligui Nguema, destaca-se Alain-Claude Bilie-By-Nze, antigo primeiro-ministro de Ali Bongo, que se posiciona como o candidato da ruptura.

Crítico do poder autoritário, acusa o general Oligui de perpetuar o sistema do Partido Democrático Gabonês (PDG), que dominou o país durante mais de cinco décadas, propondo um programa liberal, centrado na recuperação da soberania económica e na implementação de um rendimento mínimo garantido, financiado pelas receitas petrolíferas e mineiras.

As outras candidaturas oferecem visões distintas para o futuro do Gabão, como Joseph Lapensée Essingone que aposta na agricultura e na pecuária como motores de um novo modelo de desenvolvimento, e Zenaba Gninga Chaning, a primeira mulher a candidatar-se à presidência do país, que defende medidas de apoio aos jovens, através da criação de centros de formação gratuitos, e a contenção dos gastos públicos.

Stéphane Germain Iloko Boussengui, médico, propõe um plano de descentralização e combate à corrupção, além de defender a revogação da nova Constituição aprovada durante a transição, enquanto Axel Stophène Ibinga Ibinga, empresário, defende o empreendedorismo e a moralização da vida pública, como alicerces para resolver o desemprego e promover a transparência governativa.

Por seu lado, adianta a RFI, Alain Simplice Boungoueres propõe a criação de um fundo soberano dedicado ao “perdão nacional”, com o objectivo de indemnizar vítimas de injustiças históricas ligadas à exploração de recursos naturais, e Thierry Yvon Michel N’Goma apresenta uma linha soberanista, defendendo o fim da dependência da Françafrique e o abandono do franco CFA.

Apesar da diversidade de propostas e perfis dos oito candidatos às presidenciais, muitos observadores apontam para uma campanha marcada por forte assimetria, devido ao controlo exercido por Oligui Nguema sobre o aparelho de Estado, aliado a sua vantagem mediática e logística, gerando preocupações sobre a equidade do processo e a possibilidade de uma verdadeira alternância no poder.

De acordo coa a imprensa internacional, as urnas foram abertas às 7h00 (6h TMG), com uma participação massiva dos eleitores, principalmente nas secções eleitorais em Libreville.

A votação realiza-se nas nove províncias do país, devendo os resultados finais serem anunciados dentro de dentro de duas semanas.

Com cerca de 2,5 milhões de habitantes, o Gabão é um país rico em petróleo e madeira, mas a sua população vive, maioritariamente na pobreza.

O país enfrenta uma alta taxa de desemprego, escassez constante de energia e água, falta de infra-estruturas e alta dívida governamental. No país uma em cada três pessoas vive abaixo da linha da pobreza, apesar de sua vasta riqueza em recursos, de acordo com o Banco Mundial.

A dívida do Gabão subiu para 73,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado e a projecção é de que chegue a 80 por cento este ano.

Em novembro de 2024, o Gabão adoptou uma nova Constituição, aprovada por uma maioria de 92 por cento em referendo.

A nova constituição fixa o mandato presidencial em sete anos, renovável uma vez.

Além disso, um novo código eleitoral permite que os militares se candidatem a cargos públicos, o que permitiu a candidatura do actual líder militar.

Mais lidas


Últimas notícias