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Encontro de Trump com Ramaphosa decorreu em ambiente de tensão

Encontro de Trump e Ramaphosa decorreu em ambiente de tensão
Encontro de Trump e Ramaphosa decorreu em ambiente de tensão Imagens: DR

Redacção

Publicado às 13h58 22/05/2025 - Actualizado às 13h59 22/05/2025

Washington - O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, negou, esta quarta-feira, na Casa Branca a expropriação de agricultores brancos na África do Sul, como acusou Donald Trump.

“Não, não, não, não, ninguém pode tirar terras", respondeu depois de o presidente norte-americano o ter acusado, na Sala Oval da Casa Branca, de "autorizar" expropriações de agricultores brancos no seu país.

De acordo com a imprensa internacional, Ramaphosa reiterou ainda que não há "genocídio africâner" no seu país, e pediu-lhe que ouvisse o povo da África do Sul para se livrar dessa ideia.

O presidente sul-africano respondia às acusações do anfitrião, que antes afirmara que queria "explicações" de Ramaphosa sobre a situação dos agricultores brancos na África do Sul, que descreveu como vítimas de genocídio.

"Em geral, são os agricultores brancos que estão a fugir da África do Sul, e isso é uma coisa muito triste de se ver. Espero que possamos ter uma explicação sobre isso, porque sei que não querem isso", disse Trump, com Ramaphosa sentado ao seu lado, na Sala Oval.

As autoridades sul-africanas reagiram com veemência à acusação de Trump sobre o alegado "genocídio", feito há semanas, e Ramaphosa procurou reunir-se com Trump com o objectivo de esclarecer o assunto e salvar a relação do seu país com os Estados Unidos.

As relações bilaterais estão no ponto mais baixo desde que a África do Sul eliminou o seu sistema de segregação racial 'apartheid', em 1994.

Trump mostrou, esta quarta-feira, a Ramaphosa vídeos que visavam apoiar as acusações norte-americanas de que os agricultores brancos sul-africanos são vítimas de "genocídio".

O ambiente estava bastante descontraído na Sala Oval da Casa Branca quando, de repente, o Presidente norte-americano pediu que as luzes fossem desligadas antes de serem exibidos os vídeos num ecrã.

Num desses vídeos, Julius Malema, líder do partido de oposição de esquerda radical da África do Sul, que obteve 9,5% dos votos nas eleições do ano passado, canta 'Kill the Boer' ("Matem os Boers"), um cântico herdado da luta contra o 'apartheid', o antigo regime de minoria branca.

O líder sul-africano esclareceu que Malema e o seu partido não integram o Governo e não representam a política oficial.

Quando Trump perguntou se ele sabia onde o vídeo tinha sido gravado, Ramaphosa respondeu: “Não. Gostaria de saber, porque nunca o vi.” Trump respondeu: “É na África do Sul.”

O governante norte-americano também mostrou recortes de textos e imagens de jornais sobre assassinatos de cidadãos brancos no país e afirmou que muitos estão a abandonar a África do Sul por razões de segurança.

“As suas terras estão a ser confiscadas e, em muitos casos, estão a ser mortos”, disse. “Quando tomam a terra, matam o fazendeiro branco”, acrescentou.

Ramaphosa reconheceu que há casos de assassinatos de agricultores brancos, mas sublinhou que esses crimes representam apenas uma pequena parte da criminalidade geral no país.

A canção é condenada na África do Sul, nomeadamente pelo partido de centro-direita Aliança Democrática, membro da coligação no poder, que pede a sua proibição.

Donald Trump e Cyril Ramaphosa, acompanhados pelos seus ministros e conselheiros, entre os quais Elon Musk, um aliado próximo do bilionário republicano, assistiram às imagens em alta voz, num ambiente de crescente tensão.

De seguida, foi transmitido um outro vídeo que mostrava dezenas de carros a abrigar, segundo Donald Trump, "famílias inteiras" de agricultores brancos que fugiam das suas terras.

"Foram mortos", declarou Trump, reiterando assim as suas acusações de "genocídio" contra os agricultores brancos sul-africanos, depois de ter acolhido no seu território, há alguns dias, africâneres designados como "refugiados".

A conta oficial da Casa Branca na rede social X publicou um 'emoji' de uma sirene e o título "Apresentado agora mesmo na Sala Oval: Prova de perseguição na África do Sul", numa alusão aos vídeos mostrados por Trump no encontro com Ramaphosa.

A mensagem ocorreu quando a reunião de Trump com Ramaphosa ainda estava a decorrer.

 

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