RDC e Libéria eleitos membros não-permanentes do Conselho de Segurança


Nova Iorque - A República Democrática do Congo (RDC) e a Libéria foram eleitos esta terça-feira, juntamente com a Letónia, Colômbia e Bahrein, membros não-permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para o biénio 2026/2027.
De acordo com a imprensa internacional, o voto secreto dos 193 Estados-membros da ONU na Assembleia-Geral resultou em 186 votos para Bahrein, 183 para a RDC, 181 para a Libéria, 180 para a Colômbia e 178 votos para Letónia.
À excepção da Letónia, os restantes quatro candidatos já tinham estado no Conselho de Segurança anteriormente como membros não-permanentes: Colômbia sete vezes, RDC em duas ocasiões e a Libéria e o Bahrein uma vez cada.
Os cinco novos membros eleitos, que concorreram sem oposição aos respectivos assentos disponíveis para cada grupo regional, tomarão posse a 01 de Janeiro de 2026 e exercerão funções até 31 de Dezembro de 2027.
Vão substituir cinco países cujos mandatos de dois anos terminam no final do ano: Argélia, Coreia do Sul, Eslovénia, Guiana e Serra Leoa.
Os recém-eleitos irão juntar-se aos cinco membros permanentes do Conselho com poder de veto - Estados Unidos da América, Rússia, China, Reino Unido e França - e aos cinco países eleitos no ano passado: Dinamarca, Grécia, Paquistão, Panamá e Somália.
As eleições acontecem num momento difícil da dinâmica do Conselho, que tem sido palco de fortes discordâncias face à guerra na Ucrânia e ao conflito em Gaza.
Espera-se que esses dois dossiers continuem a dominar as discussões do Conselho, aos quais se deverão juntar a situação na RDC, no Sudão e em Myanmar (antiga Birmânia).
Após a votação, a ministra das Relações Exteriores da RDC, Thérèse Kayikwamba Wagner, defendeu que a eleição do país para o Conselho de Segurança é reflexo "da unidade de África e do lugar de direito na definição da agenda global de paz e segurança".
A RDC leva ao Conselho de Segurança não só a experiência do país, mas "também a voz de um continente que continua a suportar o custo de conflitos que não causou e cujos contributos para a paz são frequentemente ignorados", sublinhou.
Já a Libéria celebrou a conquista de um assento no Conselho, advogando ser um testemunho das esperanças, sonhos e aspirações de numerosas pessoas que anseiam por "um mundo onde o diálogo prevaleça sobre a discórdia, onde a unidade prevaleça sobre a divisão".
A representante permanente da Colômbia na ONU, Leonor Zalabata, convidou todos os Estados-membros a trabalharem em conjunto, "em harmonia com a natureza", e a construir a paz que o mundo necessita.
Por sua vez, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Letónia, Baiba Braze, falou aos jornalistas na sede da ONU, em Nova Iorque, sobre o que avaliou ser um "dia histórico" para o país, garantindo que a guerra na Ucrânia será uma das prioridades do mandato.
"Como país que já foi governado por potências estrangeiras, a Letónia será uma voz firme e consistente de apoio à Carta da ONU, ao direito internacional e à soberania e integridade territorial de todos os Estados", disse.
"Conhecemos o valor da liberdade. Conhecemos a fragilidade da paz e o poder do multilateralismo para a proteger. Não pouparemos esforços para alcançar uma paz justa e duradoura na Ucrânia. Não pouparemos esforços para aliviar o sofrimento humano no Médio Oriente, em Gaza, em África e noutros conflitos em todo o mundo", acrescentou.
Já o ministro das Relações Exteriores do Bahrein, Abdullatif al-Zayani, indicou que a solução de dois Estados - Israel e Palestina - e um cessar-fogo em Gaza estão no topo das suas prioridades.
"Acreditamos firmemente que a pedra basilar para alcançar a paz na região é a resolução do conflito israelo-palestiniano. É um conflito de longa data. A exigência ou necessidade imediata é, na verdade, um cessar-fogo", afirmou aos jornalistas.
"Os nossos esforços diplomáticos e políticos visam aumentar o número de países que reconhecem o Estado da Palestina", acrescentou o ministro.
O Conselho de Segurança, órgão da ONU cujo objectivo é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional, é composto por 15 membros, cinco permanentes, com direito a veto - China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos - e 10 não-permanentes.
É considerado o órgão máximo da ONU por ter a capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo.