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Rwanda anuncia saída do bloco de países da África Central

Rwanda anuncia saída do bloco de países da África Central
Rwanda anuncia saída do bloco de países da África Central Imagens: DR

Redacção

Publicado às 14h39 09/06/2025

Kigali -- O Rwanda anunciou a sua saída da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), bloco que reúne 11 países, ao denunciar a "instrumentalização" da organização por parte da República Democrática do Congo (RDC).

A decisão, segundo a imprensa internacional, foi tomada no âmbito da 26.ª cimeira ordinária realizada sábado na Guiné Equatorial.

No comunicado divulgado às primeiras horas de domingo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros rwandês afirmou que a "instrumentalização" da CEEAC pela RDC, "com o apoio de certos Estados-membros", viola os direitos do Rwanda "garantidos pelos textos constitutivos" da organização.

"Consequentemente, o Rwanda não vê qualquer justificação para permanecer numa organização cujo funcionamento actual contraria os seus princípios fundacionais e o seu objectivo original", sublinharam as autoridades de Kigali.

O anúncio foi feito após a reunião dos chefes de Estado e de Governo da África Central em Malabo, onde os líderes regionais procuraram definir as principais orientações políticas, de segurança e de cooperação marítima para a região.

De acordo com a denúncia de Kigali, a CEEAC "ignorou deliberadamente" o direito do Rwanda a assumir a presidência rotativa do organismo, "com o objectivo de impor a vontade da RDC".

Kigali e Kinshasa mantêm há semanas negociações com vista a alcançar uma solução pacífica para o conflito no leste da RDC, onde o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), apoiado pelo Rwanda, intensificou a ofensiva no início deste ano, tendo tomado as capitais das províncias do Kivu Norte e da vizinha Kivu Sul.

As perspectivas de uma saída negociada para o conflito foram reavivadas a 25 de Abril, quando Rwanda e a RDC assinaram em Washington, com a mediação dos Estados Unidos, um acordo para o início de negociações de paz.
Além disso, o Governo congolês e o M23 retomaram no início de Maio o diálogo em Doha, sob a mediação do Qatar.

A actividade armada do M23 - grupo composto maioritariamente por tutsis, comunidade que foi alvo do genocídio rwandês de 1994 - foi retomada no Kivu Norte em Novembro de 2021, com ataques relâmpago contra o exército congolês.

O leste da RDC está mergulhado, desde 1998, num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelas forças armadas, apesar da presença da missão de paz das Nações Unidas (Monusco).

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