Estado maliano retoma mina de Morila após 20 anos de gestão privada


Bamako - O governo do Mali anunciou, em reunião do Conselho de Ministros, a retomada oficial da Sociedade Mineira de Morila S.A., antigo símbolo da indústria aurífera nacional, noticia a agência APA.
O decreto foi adoptado quarta-feira para validar o acordo de cessão assinado com os accionistas cessantes, transferindo 80% do capital da empresa para o Estado.
Fundada em 2000, a Morila S.A. explorava uma importante mina de ouro na região de Bougouni. Inicialmente, o Estado detinha uma participação de 20%, juntamente com as companhias Anglogold-Ashanti e Randgold Resources (actual Barrick Gold), cada uma com 40% das acções.
A mina atingiu o pico no início dos anos 2000, com uma produção anual que às vezes ultrapassava as 600 mil onças de ouro, antes de ir se declinando gradualmente até ao encerramento da reserva principal em 2020.
Após a retirada dos operadores históricos, a empresa australiana Firefinch Limited tentou relançar a actividade através da exploração de resíduos mineiros e de um projecto agro-industrial, mas sem sucesso.
Diante do fracasso desta estratégia e da cessação das operações em 2022, foi assinado um memorando de entendimento, em Maio de 2024, permitindo ao Estado a recuperação das acções e dívidas remanescentes.
Com este retorno ao domínio público, as autoridades procuram evitar o encerramento definitivo da mina. Várias opções estão a ser exploradas, como uma aquisição em pequena escala ou uma parceria público-privada adaptada ao baixo teor de ouro desta mina.
Em 2024, a produção de ouro do Mali caiu para 51 toneladas, contra as 66,5 toneladas de 2023, uma queda de 23%. Apesar do declínio, a mina de Morila contém ainda cerca de 500 mil onças de ouro nas suas reservas secundárias, de acordo com uma estimativa da Firefinch, datada de 2021.