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Rei do sul da Nigéria processa Shell por poluição causada pelo petróleo

Rei do sul da Nigéria processa Shell por poluição causada pelo petróleo
Rei do sul da Nigéria processa Shell por poluição causada pelo petróleo Imagens: DR

Redacção

Publicado às 19h27 22/06/2025

Abuja - Um rei do sul da Nigéria avançou na sexta-feira com um processo contra a britânica Shell, exigindo 10 mil milhões de euros à gigante petrolífera por tentar vender os seus activos sem ter compensado décadas de poluição.

A acção foi interposta por Bubaraye Dakolo, conhecido por Agada IV, rei do Reino de Ekpetiama no Estado de Bayelsa, no sul da Nigéria, e conta com o apoio de várias organizações não-governamentais (ONG) nigerianas, divulgou em comunicado a consultora Aeqglobal, sgundo o site Notícias ao Minuto.

A Shell é acusada há vários anos de degradar gravemente o ambiente nos estados do sul da Nigéria, uma região rica em petróleo e gás.

A sua subsidiária local, a Shell Petroleum Development Company (SPDC), é regularmente acusada de fugas de petróleo, derrames sem limpeza e queima de gás a céu aberto, responsáveis pela poluição prolongada da água, do ar e do solo, levando a uma crise de saúde e alimentação que afecta milhões de pessoas, segundo os especialistas.

O processo iniciado pelo Rei Agada IV tem como alvo a Shell, mas também o ministro dos Recursos Petrolíferos nigeriano, a Comissão Reguladora Nigeriana de Upstream do Petróleo (NUPRC) e o procurador-geral, de acordo com o comunicado.

Entre as ONG que apoiam a acção estão a Acção Social Nigéria, a Fundação Saúde da Mãe Terra (HOMEF), o Fórum de Organizações Não Governamentais de Bayelsa (BANGOF), a Agenda de Desenvolvimento Humano e Ambiental e o Centro de Desenvolvimento e Recursos para Mulheres de Kebetkache.

"A acção visa impedir a transferência dos activos da Shell até que seja alcançado um acordo de 12 mil milhões de dólares (10,4 mil milhões de euros, à taxa de câmbio actual) para alívio e indemnização da comunidade", frisou a consultora Aeqglobal.

O apelo do monarca surge após a recente retirada da Shell, que vendeu a sua participação de 30% (aproximadamente 2,2 mil milhões de euros) num projecto petrolífero 'offshore' com a empresa nacional nigeriana NNPCL, a francesa TotalEnergies e a italiana Agip.
Em Março, a Shell finalizou a venda das suas acções ao consórcio Renaissance, com o acordo do governo nigeriano.

"A Shell quer abandonar um desastre que destruiu os nossos rios, as nossas terras agrícolas e os nossos meios de subsistência", denunciou o rei Agada IV, citado no comunicado.

"Estas pessoas estão condenadas ao empobrecimento, sem água, sem infra-estruturas de saúde, sem electricidade, nesta situação. Não é justo. Devem ser indemnizadas pela Shell", frisou também à agência France-Presse (AFP) Peter Mazzi, responsável de comunicação da ONG Acção Social Nigéria.

Os 12 mil milhões de dólares solicitados são o custo estimado para limpar o ambiente severamente poluído, desmantelar a infra-estrutura perigosa deixada para trás e compensar as comunidades impactadas ao longo de um período de 12 anos, de acordo com a Comissão Estadual de Petróleo e Ambiente de Bayelsa (BSOEC).

 

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