RECURSOS MINERAIS
Níger vai nacionalizar mina de urânio operado pela francesa Orano

20/06/2025 18h33
Niamey - O Governo do Níger declarou, quinta-feira, em Niamey, que iria nacionalizar o empreendimento de urânio Somaïr, operado pela empresa francesa Orano.
A empresa francesa foi também acusada de ficar com uma parcela desproporcional do urânio ali produzido.
“Perante o comportamento irresponsável, ilegal e injusto da Orano, uma empresa detida pelo Estado francês - um Estado abertamente hostil ao Níger desde 26 de Julho de 2023 - o governo do Níger decidiu, em plena soberania, nacionalizar a Somaïr”, afirmaram as autoridades em comunicado.
As autoridades alegam que a Orano recebeu uma parcela desproporcional do urânio produzido em Somaïr, acrescentando que a empresa foi também acusada de outras "acções irresponsáveis" no local, sem adiantar mais pormenores.
O anúncio surge numa altura em que as autoridades militares deste país da África Ocidental intensificam o controlo sobre as empresas estrangeiras e a sociedade civil local.
As tensões entre o governo militar do Níger e a empresa francesa acumulam-se há meses, provocando a deterioração das relações entre Niamey e Paris.
A Somaïr é uma joint-venture entre a Orano e a empresa estatal nigerina Sopamin, que explora a única mina de urânio activa no país.
Mas, no ano passado, as autoridades assumiram o controlo operacional da infra-estrutura e retiraram também a licença de exploração da Orano para a mina de urânio de Imouraren, com reservas estimadas em 200.000 toneladas.
A Orano está envolvida em vários processos de arbitragem com o Níger. No mês passado, processou as autoridades nigerinas após o desaparecimento do seu director e a invasão dos seus escritórios locais.
A empresa opera no Níger, o sétimo maior fornecedor mundial de urânio, há mais de 50 anos e detém participações maioritárias em três principais minas de urânio no país.
A actual liderança militar do Níger tomou o poder em 2023 com a promessa de romper os laços com o Ocidente e rever as concessões mineiras.
Antes disso, o país era o principal parceiro económico e de segurança do Ocidente no Sahel, a vasta região a sul do Deserto do Sahara que tem sido um foco de extremismo violento.