Gaberone - O Botswana anunciou nesta quinta-feira (10) que permitirá que a sua moeda, o pula, desvalorize 2,76% ao longo do próximo ano, uma taxa mais rápida do que a anunciada anteriormente, uma vez que a sua economia está sob pressão devido a uma recessão prolongada no mercado global de diamantes.

O Botswana tem feito revisão a sua taxa de câmbio duas vezes por ano, ajustando-a para cima ou para baixo através de um regime de taxa de câmbio flutuante, no qual o pula está indexado a um cabaz de moedas, incluindo o rand sul-africano.

O Botswana é há muito considerado um dos casos de sucesso económico em África. Mas isso tem sido posto à prova pela recessão no mercado de diamantes, que causou uma contracção de 3% no Produto Interno Bruto no ano passado e pode provocar outra este ano.

“A recente queda nas reservas cambiais, agravada pelo actual ambiente macroeconómico, tem o potencial de comprometer a estabilidade do mecanismo de taxa de câmbio”, afirmou o gestor do Programa de Gestão Macroeconómica do Ministério das Finanças do Botswana, Sayed Timuno, numa conferência de imprensa.

O responsável sublinhou que o Presidente do país, Duma Boko, aprovou a revisão em alta da taxa anual de depreciação do pula para 2,76%, antes de 1,51% definida em Dezembro.

“O objectivo é aumentar a competitividade dos bens e serviços domésticos. Tal ajudará também a moderar a demanda por moeda estrangeira e apoiará a preservação das reservas cambiais”, acrescentou, apontando que outra revisão da taxa de câmbio do pula ocorrerá no final do ano.

O Botswana mantém, normalmente, reservas cambiais equivalentes a mais de dez meses de cobertura das importações, mas têm vindo a diminuir desde 2018 e caíram para um mínimo histórico de cinco meses em Fevereiro deste ano, segundo uma nota de pesquisa do BMI – um índice de referência concebido para avaliar empresas que cumprem critérios de inclusão – publicada em Junho.

Apesar da queda nas reservas, os analistas do BMI afirmaram que o Botswana não registou uma escassez aguda de divisas como a observada noutros países africanos, como Nigéria e Angola, nos últimos anos.