ONU
PAM suspende ajuda alimentar no nordeste da Nigéria

23/07/2025 21h36
Roma - O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) anunciou hoje que suspenderá toda a assistência alimentar e nutricional de emergência a 1,3 milhões de pessoas no nordeste da Nigéria no final deste mês por falta de financiamento.
De acordo com o comunicado de imprensa do PAM, esta decisão resulta de graves falhas de financiamento internacional, num contexto de aumento da violência e de níveis de fome no Nordeste deste que é o país mais populoso de África.
"As reservas de alimentos e suplementos nutricionais do PAM estão totalmente esgotadas. Os últimos fornecimentos deixaram os armazéns no início de Julho e a assistência vital terminará assim que a actual ronda de distribuições for concluída", anunciou a entidade.
Consequentemente, sem financiamento imediato, "milhões de pessoas vulneráveis enfrentarão escolhas impossíveis: suportar uma fome cada vez mais severa, migrar ou, possivelmente, correr o risco de serem exploradas por grupos extremistas da região", frisou a agência das Nações Unidas.
Concretamente, segundo dados do PAM, cerca de 31 milhões de pessoas na Nigéria enfrentam fome aguda. Um número recorde, segundo o director do PAM no país, David Stevenson.
Para o PAM, as crianças estarão entre as mais afectadas, caso a ajuda vital seja interrompida.
"Mais de 150 clínicas de nutrição apoiadas pelo PAM nos estados de Borno e Yobe irão encerrar, comprometendo o tratamento de mais de 300.000 crianças com menos de dois anos e aumentando o risco de desnutrição aguda", lamentou.
Nas zonas do norte afectadas pelo conflito, a violência crescente de grupos extremistas está a provocar deslocações em massa.
Cerca de 2,3 milhões de pessoas em toda a bacia do Lago Chade foram forçadas a abandonar as suas casas, pressionando recursos já escassos e levando comunidades ao limite, contextualizou.
Durante o primeiro semestre deste ano, o PAM diz ter ajudado a conter a fome no norte desta nação ao apoiar 1,3 milhões de pessoas com alimentos e suplementos nutricionais.
"Estava previsto o apoio adicional a 720.000 pessoas na segunda metade do ano, mas a falta de fundos coloca agora estes programas em risco", ressalvou.
A agência precisa urgentemente de 130 milhões de dólares para evitar a ruptura dos fornecimentos e garantir a continuidade das operações até ao final do ano, concluiu.