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União Africana pede criação do mapa real do continente africano

União Africana pede criação do mapa real do continente africano
União Africana pede criação do mapa real do continente africano Imagens: DR

Redacção

Publicado às 21h08 16/08/2025

Adis Abeba - A União Africana (UA) apoiou uma campanha para acabar com o uso, por Governos e organizações internacionais, do mapa-múndi de Mercator, do século XVI, em favor de um que mostre com mais precisão o tamanho da África.

Criada pelo cartógrafo Gerardus Mercator para navegação, a projecção distorce os tamanhos dos continentes, ampliando áreas próximas aos pólos, como a América do Norte e a Gronelândia, enquanto encolhe África e a América do Sul.

“Pode parecer apenas um mapa, mas, na realidade, não é”, afirmou a vice-presidente da Comissão da UA, Selma Malika Haddadi, à Reuters, acrescentando que Mercator promoveu uma falsa impressão de que África era “marginal”, apesar de ser o segundo maior continente do mundo em termos de área, com 54 nações e mais de mil milhões de pessoas.
“Esses estereótipos influenciam a imprensa, a educação e as políticas”, destacou a responsável.

As críticas ao mapa de Mercator não são novas, mas a campanha “Correctar o Mapa”, liderada pelos grupos de defesa Africa No Filter e Speak Up Africa, reacendeu o debate, instando as organizações a adoptarem a projecção Equal Earth de 2018, que tenta reflectir os tamanhos reais dos países.

“O tamanho actual do mapa da África está errado”, declarou Moky Makura, director-executivo da Africa No Filter. “É a campanha de desinformação e desinformação mais longa do mundo, e simplesmente tem que parar”, anuiu.

Por sua vez, Fara Ndiaye, cofundadora da Speak Up Africa, salientou que Mercator afectou a identidade e o orgulho dos africanos, especialmente das crianças que podem entrar em contacto com o cartógrafo no início da escola: “Estamos a trabalhar activamente na promoção de um currículo em que a projecção Equal Earth seja o padrão principal em todas as salas de aula (africanas)”, frisou Ndiaye, acrescentando que espera que também seja a utilizada por instituições globais, incluindo as sediadas no continente.

Selma Malika Haddadi referiu ainda que a UA apoiou a campanha, acrescentando que a mesma se alinha ao seu objectivo de “reclamar o lugar de direito de África no cenário global” num contexto de crescentes apelos por reparações pelo colonialismo e pela escravidão.

A UA defenderá uma adopção mais ampla do mapa e discutirá acções colectivas com os Estados-membros, segundo a responsável.

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