Etiópia inaugura maior barragem de África

10/09/2025 20h12
Addis Abeba – A Etiópia inaugurou, terça-feira, o maior aproveitamento hidroeléctrico de África, denominado Grande Barragem do Renascimento, no quadro da transição energética.
Considerado um símbolo de soberania e resiliência nacional, a inauguração da infra-estrutura acontece numa altura em que o país acolhe a II Cimeira Africana do Clima.
A cerimónia decorreu no Estado Regional de Benishangul-Gumuz, às margens do rio Abay, coroando 14 anos de esforços, financiados integralmente com recursos internos e contribuições dos cidadãos.
O acto solene contou com a presença de vários líderes africanos e parceiros internacionais, entre os quais o o Presidente do Quénia, William Ruto, do Sudão do Sul, Salva Kiir, da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, do Djibouti, Ismaïl Omar Guelleh, e a primeira-ministra de Barbados, Mia Amor Mottley.
Com uma capacidade instalada de 6.450 megawatts, a GERD coloca a Etiópia na rota para se tornar um dos principais exportadores de energia eléctrica em África, impulsionando a industrialização e a integração regional.
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, afirmou que o país entra numa nova era de prosperidade e que a barragem representa a vitória da unidade e da autossuficiência africana. Os líderes presentes saudaram o projecto como uma conquista pan-africana.
William Ruto classificou-o como “uma declaração de autossuficiência”, enquanto Salva Kiir destacou-o como “um símbolo de unidade, sacrifício e determinação”.
Hassan Sheikh Mohamud sublinhou os “recursos e fraternidade partilhados”.
Já Ismaïl Omar Guelleh considerou-o “uma grande vitória” e Mia Mottley comparou-o a “Adwa da engenharia”, evocando a histórica vitória etíope de 1896.
Além da inauguração da barragem, o primeiro-ministro Abiy anunciou uma ambiciosa agenda de desenvolvimento avaliada em 30 mil milhões de dólares, que inclui a construção da primeira central nuclear etíope, a criação do maior aeroporto de África para servir de hub à Ethiopian Airlines, investimentos em gás e petróleo, uma refinaria nacional, fábricas de fertilizantes e a edificação de 1,5 milhão de residências num prazo de seis anos.
Segundo as autoridades, as receitas geradas pela barragem vão sustentar esses projectos estratégicos, assegurando segurança energética, dinamizando a indústria, a agricultura e o sector tecnológico, e reforçando o papel da Etiópia como motor do crescimento regional.
Apesar das controvérsias com países a jusante do Nilo, a Etiópia reafirmou que a GERD deve ser vista como um instrumento de prosperidade partilhada e solidariedade continental.
Para Abiy Ahmed, a inauguração marca a transição do país da pobreza e dependência para a industrialização e liderança africana. “Estas conquistas deixarão as crianças de África orgulhosas”, concluiu o chefe do governo etíope.