Insegurança leva Exxon a adiar reafirmação do compromisso com Moçambique
Maputo - A petrolífera norte-americana ExxonMobil cancelou, quinta-feira (30 de Outubro), uma apresentação pública em que previa reafirmar o seu compromisso com o projecto Rovuma LNG, numa cerimónia que contaria com a presença do Presidente da República, Daniel Chapo.
A decisão surge num contexto de crescente instabilidade na província de Cabo Delgado, onde se localiza o megaprojecto.
A sessão, aguardada com expectativa, reuniria executivos da companhia e membros do Executivo moçambicano, num momento em que o País procura retomar o dinamismo no sector do gás natural liquefeito (GNL).
O Rovuma LNG, estimado em 30 mil milhões de dólares, deverá tornar-se, quando concluído, no maior centro de exportação de GNL do continente africano.
No entanto, a decisão final de investimento permanece indefinida, condicionada sobretudo pelo clima de insegurança no norte do País.
Segundo o Financial Times, que avançou com a notícia, a deterioração da situação em Cabo Delgado poderá ter sido determinante para o cancelamento da apresentação.
A publicação britânica refere relatos de ataques nocturnos nas vias de acesso próximas do projecto e apelos de diversas organizações para que os grandes investimentos na região sejam reavaliados.
“O cenário de segurança agravou-se bastante”, afirmou Andrew Bogrand, conselheiro sénior da Oxfam. “Há relatos de ataques nas estradas durante a noite nas imediações do projecto. Não consigo compreender como se pode discutir seriamente a viabilidade de um investimento desta dimensão neste contexto”, acrescentou.
A actividade extremista em Cabo Delgado continua a comprometer os planos energéticos de Moçambique. Até há poucos meses, o contingente militar rwandês operava em articulação com as forças da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para conter os insurgentes.
No entanto, ambas as forças se retiraram da missão devido a dificuldades financeiras relacionadas com o pagamento dos serviços prestados.