Harare - O Governo do Zimbabwe anunciou que o país registou a sua mais elevada produção de trigo de sempre, com uma colheita de 578 mil toneladas métricas durante o Inverno de 2025, um marco que não só ultrapassa o recorde do ano passado, como também excede as necessidades anuais do país em trigo.

O ministro das Terras, Agricultura, Pescas, Águas e Desenvolvimento Rural, Anxious Masuka, anunciou o feito, descrevendo-o como uma confirmação da capacidade agrícola reforçada do Zimbabwe e da sua auto-suficiência alimentar.

“De um volume modesto de 94,7 mil toneladas métricas em 2019 para 563 mil toneladas métricas em 2024, o país é apenas uma de duas jurisdições no continente africano que se tornaram auto-suficientes em trigo”, afirmou Anxious Masuka, acrescentando que a produção deste ano já ultrapassa a necessidade nacional anual, estimada em 360 mil toneladas métricas.

“O país junta-se agora à Etiópia como uma das duas únicas nações africanas que atingiram plena auto-suficiência em trigo”, destacou o governante.

Na época agrícola deste ano, foram cultivados no Zimbabwe 122,6 mil hectares de trigo, dos quais cerca de 12 mil hectares ainda estão por colher no início de Novembro. Este número representa um aumento de 511% face aos níveis registados em 2019, constituindo uma reviravolta notável alcançada em apenas seis anos.

Com as necessidades internas totalmente satisfeitas, o Zimbabwe procura agora oportunidades de exportação na região, particularmente em países vizinhos que continuam a enfrentar carências de trigo.

O ministro das Terras, Agricultura, Pescas, Águas e Desenvolvimento Rural salientou, porém, que o abastecimento local permanece seguro e que o Governo adoptou medidas para estabilizar os preços e garantir uma distribuição regular.

“O Governo distribuiu 6518 toneladas métricas aos moageiros nas últimas semanas, a fim de estabilizar o abastecimento e os níveis de preços dos produtos derivados do trigo”, afirmou o dirigente, esclarecendo que a Autoridade de Comercialização Agrícola (AMA) continua a coordenar a comercialização e a distribuição, de modo a manter o equilíbrio do mercado.

“O Zimbabwe junta-se agora à Etiópia como uma das duas únicas nações africanas que atingiram plena auto-suficiência em trigo”

Apesar do excedente, o Zimbabwe continuará a importar volumes limitados de trigo com alto teor de glúten, preferido por alguns moageiros para formulações específicas de pão.

“Certos moageiros indicaram que os seus moinhos e estilos de pão requerem trigo com elevado teor de glúten, não alcançável no trigo produzido localmente”, explicou Anxious Masuka. Segundo o ministro, de acordo com a política actual, tal trigo continuará a ser importado ao abrigo dos acordos existentes, sem custos adicionais.