Europeus e africanos vão trabalhar para reformar instituições internacionais
Luanda - O presidente do Conselho Europeu destacou hoje, no encerramento da Cimeira União Europeia-União Africana, que europeus e africanos vão trabalhar juntos na defesa da reforma das instituições internacionais, "uma mensagem comum" dirigida ao mundo.
"Defender o multilateralismo implica defender a reforma das instituições internacionais", afirmou António Costa, nomeando "as organizações financeiras, Organização Mundial do Comércio e o Conselho de Segurança das Nações Unidas".
"Esta é uma mensagem comum que transmitimos ao mundo, e fazemo-lo com a legitimidade de já termos provado que quando trabalhamos juntos conseguimos resultados", acrescentou.
O antigo primeiro-ministro português fundamentou essa legitimidade: "Foi assim que aprovámos o pacto para o futuro na Assembleia Geral das Nações Unidas em 2024, foi assim que garantimos que a União Africana tenha assento no G20 e que este ano tivemos a honra de ter a primeira reunião organizada pela África do Sul, uma reunião do G20 no continente africano".
Na sessão de encerramento, que juntou ao mais alto nível líderes da União Europeia (UE) e da União Africana (UA), Costa sublinhou o facto de a UE ser o primeiro parceiro comercial africano, com um terço das transações, e mostrou-se esperançado no passo seguinte entre os dois blocos: "Seguramente, o investimento da área de comércio livre do continente africano vai potenciar o crescimento das nossas relações comerciais e do nosso investimento".
Costa admitiu que pode e deve fazer-se "bastante mais" e que "para isso é essencial tratar seriamente o tema da dívida que tolhe a capacidade de desenvolvimento do continente africano".
Por outro lado, destacou que, na discussão de dois dias em Luanda, os representantes dos países europeus e africanos apontaram a necessidade de maior investimento em infraestruturas, na energia renovável, na conectividade digital, na capacidade africana para produzir vacinas em África e para África.
Um dos consensos respeitou à necessidade de se "desenvolver cadeias de valor sustentáveis na agricultura e nos materiais críticos", indicou, sem esquecer que "os recursos naturais são essenciais para a dupla transição energética e digital", mas sobretudo "que a maior riqueza [africana] é o seu capital humano e a sua juventude".
Ou seja, explicou, uma das prioridades vai passar por gerar valor acrescentado e emprego no continente africano, até porque "até 2050 cerca de 800 milhões de novas pessoas chegarão ao mercado de trabalho em África".
A Cimeira UA-UE, que começou segunda-feira, foi dedicada ao tema "promover a paz e a prosperidade através de um multilateralismo eficaz".
O encontro de alto nível foi copresidido pelo Presidente de Angola, João Lourenço, e pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, estando a UE ainda representada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a UA pelo presidente da Comissão da União Africana, Mahmoud Ali Youssou.
Oitenta delegações marcaram presença na cimeira.
A União Europeia é constituída por 27 países, incluindo Portugal, representado no encontro pelo primeiro-ministro e pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
A União Africana é composta por 55 nações, incluindo Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Pela União Africana estiveram 29 chefes de Estado e de Governo ou seus representantes, entre os quais o Presidente de Moçambique e o primeiro-ministro de Cabo Verde, para além do chefe de Estado de Angola.