Soyo constitui círculos de oralitura
Teve lugar, no passado dia 1 de Novembro, na cidade do Soyo, um encontro com cerca de 50 crianças de uma escola local, durante o qual o escritor José Luís Mendonça introduziu os estudantes na estratégia de fomento do vício da leitura, através da criação de círculos de Oralitura.
O encontro foi organizado pelo Professor Afonso Kanga, criador do projecto Ler Faz Bem, naquela cidade situada na foz do rio Zaire.
José Luís Mendonça criou dez círculos de leitores com dez leitores cada um. A cada um dos círculos foi entregue uma estória curta, da Oratura Angolana, nomeadamente: O que não ouve o que lhe dizem e o que lhe levam e não lhe poisam; O caçador e o cão; O grilo, dono do fogo; O elefante e o kissonde; Armadilha para o elefante; o rio e a lagoa; o homem e o monstro; o coelho, o elefante e o hipopótamo; o rato e outros animais; O crocodilo, a cobra, o rato e o pássaro.
A adopção do termo para mencionar a Oratura transcrita em língua portuguesa para o papel advém da premência da formação do vício da leitura. “O que nós pretendemos com esta proposta sobre a Premência da Oralitura no Fomento da Leitura é tão simplesmente fazer um desvio estratégico à morosidade, ao marasmo com que, desde que o Executivo angolano, estabeleceu, a 24 de Maio de 2011, através do Decreto Presidencial n.º 105/11, as linhas gerais da Política Nacional do Livro e da Promoção da Leitura.
CLUBES DE LEITORES
A proposta da Oralitura, isto é, o que já se propagou pela língua original das ex-etno-nações, agora trasladado pera a escrita em língua portuguesa, visa simplificar o processo de leitura, nos bairros, quimbos e cidades, nas escolas, etc., por forma a que, num país sem livros disponíveis, pelo menos, se induza as pessoas a gostarem de ler, através de uma estratégia simplificada.
O objectivo geral da criação de Clubes de Leitores, baseados na ampla consagração da Oralitura, é desenvolver as capacidades de aprendizagem e de comunicação social colectiva e intersubjectiva na língua oficial da República de Angola.
Um princípio reitor é o da auto-suficiência na reprodução das estórias policopiadas, através da constituição de um fundo literário próprio em cada pólo, com contribuições voluntárias dos próprios participantes.
Para além do princípio da auto-suficiência, anunciado atrás, esta estratégia também é regida pelo princípio da simplicidade, segundo o qual, uma única estória pode bastar, para desencadear a leitura, sem mais delongas e assim promover a literacia.
Uma única página impressa ou policopiada poderá servir de incentivo ao gosto pela leitura, tanto pelo baixíssimo custo de produção, quanto pela gratuitidade da sua recepção. Esta página conterá apenas uma estória tradicional.
RECOLHA DE NOVAS ESTÓRIAS
Cada membro do Clube de Leitores poderá pesquisar no seio da sua família, no bairro onde vive, ou noutro lugar, quem conhece estórias da tradição oral. Deve recolhê-las na língua bantu original, traduzi-las para português, ou mesmo recolhê-las apenas na língua oficial. Essa recolha deve ser digitalizada, organizada num arquivo, para posterior tratamento editorial de novas estórias a juntar ao acervo já recolhido nos anos passados pelos etnólogos e missionários.