Sustentabilidade

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Reflexões sobre desenvolvimento económico, social e ambiental

Adilson Garcia é apresentador da TV Girassol, mestre em Gestão e Empreendedorismo, MBA em Finanças e Negócios, especialista em ciências jurídico-empresariais e advogado. É autor do livro "A influência do empreendedorismo no crédito malparado".

Reflexões sobre desenvolvimento económico, social e ambiental

Adilson Garcia é apresentador da TV Girassol, mestre em Gestão e Empreendedorismo, MBA em Finanças e Negócios, especialista em ciências jurídico-empresariais e advogado. É autor do livro "A influência do empreendedorismo no crédito malparado".


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Reflexões sobre o XVI congresso da APLOP

Cidade do Lobito acolheu XVI Congresso da Associação dos Portos de Língua Portuguesa (APLOP)
Cidade do Lobito acolheu XVI Congresso da Associação dos Portos de Língua Portuguesa (APLOP) Imagens: DR

Adilson Garcia

Publicado às 13h13 13/10/2025 - Actualizado às 13h13 13/10/2025

 A cidade do Lobito, em Benguela, foi recentemente o epicentro de um dos encontros mais relevantes do espaço lusófono, o XVI Congresso da Associação dos Portos de Língua Portuguesa (APLOP).

O evento reuniu gestores de topo, autoridades portuárias e players estratégicos do sector marítimo e logístico, num momento de viragem para a cooperação económica e comercial entre os países de língua portuguesa.

Com o Corredor do Lobito a emergir como uma das mais promissoras infra-estruturas logísticas do continente africano que vai ligar o Atlântico ao interior da África Austral, o congresso assumiu contornos que ultrapassaram a mera discussão técnica. Tornou-se uma plataforma de diplomacia económica, onde a língua portuguesa revelou-se uma poderosa variável de integração e competitividade global.

Hoje o Corredor do Lobito representa um novo paradigma de conectividade entre Angola, a República Democrática do Congo e a Zâmbia. Com o reforço das infra-estruturas ferroviárias e portuárias, esta rota transforma-se num corredor de exportação eficiente para minerais, produtos agrícolas e bens industriais, colocando Angola no centro da logística africana.

 Durante o congresso, ficou patente que os portos lusófonos, quando articulados através de estratégias comuns e partilha de conhecimento técnico, podem gerar sinergias sustentáveis e fortalecer a presença económica do espaço da CPLP no comércio marítimo internacional.

 Mais do que um idioma partilhado, a língua portuguesa é um activo económico e cultural que facilita o diálogo entre portos, governos e operadores privados. No contexto global, em que a comunicação é um factor crítico de eficiência e confiança, a uniformidade linguística entre os membros da APLOP é um instrumento de redução de barreiras comerciais e aceleração de processos de integração logística.

 A linguagem comum permite partilhar normas técnicas, padrões de gestão portuária e práticas sustentáveis sem a fricção habitual das diferenças linguísticas. Este factor torna-se essencial num mundo onde a rapidez da informação é decisiva para o sucesso empresarial e a segurança das operações marítimas.

A aproximação linguística deve ser entendida não apenas como herança cultural, mas como mecanismo de sustentabilidade económica. A língua portuguesa cria um ecossistema de confiança entre parceiros comerciais, incentiva a formação técnica conjunta e promove a circulação de investimentos no espaço lusófono.

 A sustentabilidade, no mundo dos negócios, não depende apenas de políticas ambientais, mas também de infra-estruturas de comunicação eficazes, relações humanas sólidas e visões partilhadas. E é neste ponto que a língua portuguesa se afirma como um capital imaterial com valor económico directo.

 O XVI Congresso da APLOP no Lobito reafirmou que os portos de língua portuguesa não são apenas portas marítimas, mas portas de entendimento e progresso comum. Num tempo em que a globalização exige redes integradas e alianças estratégicas, o espaço lusófono, ancorado na língua e na cooperação, tem condições únicas para afirmar-se como um corredor de oportunidades, inovação e sustentabilidade.

 O desafio, daqui para frente, será transformar a afinidade linguística em resultados tangíveis, em comércio mais ágil, formação mais sólida e desenvolvimento económico partilhado.

 No Lobito, não se falou apenas de portos, falou-se em português de um futuro sustentável com base na economia azul de maior proximidade.

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