Dramaturgo José Mena Abrantes pede maior apoio para o teatro


Luanda - O dramaturgo José Mena Abrantes defendeu, em Luanda, um maior apoio do Estado para a classe teatral a nível nacional, durante o programa "Margens e Travessias", emitido domingo, na TV Zimbo.
Mena Abrantes disse não compreender a falta de apoio à classe teatral, sendo uma actividade que envolve grande parte da juventude a nível das comunidades que muito faz em prol da arte.
"Penso que se a classe tivesse auxílio do Governo, as artes cénicas teriam um maior desenvolvimento a nível nacional, porque o teatro não existe em nenhuma parte do mundo sem apoio estatal. Por isso, é necessária uma atenção especial de quem de direito”, afirmou.
Reconheceu a qualidade dos fazedores das artes cénicas, sobretudo os criadores dos anos 1980, pois como sublinhou, "neste ano passou a surgir grupos teatrais com uma maior qualidade e muito diferenciado. A título de exemplo cito o Horizonte Njinga Mbande, Oásis e o Elinga Teatro”.
Depois do surgimento destes grupos no mercado, frisou que teve uma nova geração de artistas, com os grupos Miragens Teatro, Etu Lene e tantos outros que trouxeram uma visão diferente do teatro que se fazia anteriormente. "O que se fazia antes era muito primário”.
Durante a sua presença no programa, José Mena Abrantes falou, ainda, do seu livro intitulado "Uma breve história geral do Teatro”, que retrata os cinco continentes.
"Tive o cuidado de incluir os cinco continentes, especialmente a África, porque todas as histórias do teatro que li até hoje, quase que não dedicam nem espaço para o teatro africano. E nesta obra me preocupei em dedicar metade do livro para o continente berço”, revelou
Deu a conhecer que teve que dedicar 100 páginas do livro só para falar do teatro na Europa, enquanto para escrever sobre as artes cénicas em Angola foram 80 páginas, de forma a estabelecer um equilíbrio.
José Mena Abrantes nasceu em Malanje. Mais tarde, foi viver para Luanda onde concluiu o Ensino Secundário. É licenciado em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Portugal.
Como jornalista, foi Director Geral da Angop, colaborou em vários órgãos de comunicação social desde 1975, e trabalhou na assessoria de Imprensa da Presidência da República de Angola.
Iniciou a sua actividade teatral em 1967, representando "O Barbeiro de Sevilha”, sob a orientação de Luís de Lima, no Grupo da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa.
É fundador do Elinga Teatro, um dos mais antigos e conceituado grupo de teatro angolano. A ligação ao teatro é multifacetada, já actuou como actor, além de encenador, director, ensaísta e dramaturgo, e tem mais de 14 peças teatrais publicadas.