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Festival Internacional de Cinema Documental decorre em Luanda

Cinema ao ar livre
Cinema ao ar livre Imagens: Rede Girassol

Redacção

Publicado às 11h34 08/04/2025

Luanda - O Festival Internacional de Cinema Documental "DocLuanda" decorre, de 10 a 16 do corrente mês, em Luanda, antecedido da exposição "Independências nos arquivos: 50 anos de cinema e utopia", da investigadora portuguesa Maria do Carmo Piçarra.

A exposição de Maria do Carmo Piçarra, que abre esta terça-feira, no Camões – Centro Cultural Português, consta da estratégia do festival DocLuanda sobre a divulgação das artes.

"Independências nos arquivos: 50 anos de cinema e utopia”, que estará patente ao público até o9 de Maio próximo, assinala os 50 anos das independências africanas nas cinematografias de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.

Na óptica da investigadora Claire Andrade-Watkins, "as ex-colónias portuguesas partilharam o legado de uma dominação colonial dura e destituída de meios, não possuindo infra-estruturas cinematográficas ou técnicos formados".

A produção cinematográfica, refere a direcção do DocLuanda, em nota de imprensa publicada pelo JA Online, não foi, por isso, fácil durante as lutas de libertação ou após as independências, adiantando que, inclusivamente, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe não desenvolveram cinematografias nacionais.

Em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, esclarece a nota, a utopia da construção da nação apoiou-se em projectos de cinema militante, implementados inicialmente pelos movimentos de libertação, como o MPLA, a FRELIMO e o PAIGC, e, após as independências, pelo Estado, que usou os filmes politicamente para fomentar a criação da identidade nacional e para informar ou fazer propaganda.

"Os cinemas de Estado foram postos em causa pelas guerras subsequentes", sublinha a nota, para além da falta de recursos financeiros e o esmorecimento das políticas culturais estatais.

"Deixaram as raízes do cinema contemporâneo fora do Estado, frequentemente realizado na diáspora, em que a rememoração, a preocupação ecológica, as preocupações culturais e sociais, e os desafios da vida contemporânea são linhas fortes", enfatiza a direcção do DocLuanda.

Este ano, o Festival Internacional de Cinema Documental de Luanda conta com uma programação especial, que inclui workshop e master class sobre escrita de guião para cinema, com o argumentista português Virgílio Almeida, e propriedade intelectual e cinema, com Alexandra Fonseca e Igor Chaves.

Contempla ainda concerto musical com Ohali, homenagem ao cineasta Nguxi dos Santos, prevendo-se a presença do cineasta americano Billy Woodberry, para o troféu Sarah Maldoror.

Curadora e autora dos textos, Maria do Carmo Piçarra é investigadora portuguesa contratada pelo Instituto de Comunicação da Universidade Nova de Lisboa (ICNOVA), professora auxiliar na Universidade Antiga de Lisboa (UAL) e programadora de cinema.

Em 2023, foi galardoada com a Cátedra Hélio e Amélia Pedroso/Fundação Luso-Americana em Estudos Portugueses na Universidade de Massachusetts Dartmouth.

Os seus actuais interesses académicos incluem as representações fílmicas (pós) coloniais, a propaganda cinematográfica e a censura em Portugal, as mulheres nos movimentos de descolonização e os usos militantes da imagem.

Entre as suas publicações contam-se “Catemb, esse Obscuro Desejo de Cinema” (2024), “Vento Leste: Luso-orientalismo(s) nos Filmes da Ditadura” (2023) e “Projectar a Ordem. Cinema do Povo e Propaganda Salazarista 1935 – 1954” (2020).

Com Teresa Castro, foi editora do livro “(Re)Imagining African Independence”. Film, Visual Arts and the Fall of the Portuguese Empire2 (2017), e com Jorge António, da trilogia “Angola, o Nascimento de uma Nação (O cinema da propaganda; O cinema da libertação; O cinema da independência)”.

Recebeu financiamento da Fundação Oriente para conduzir uma investigação sobre “Representações da ‘Ásia Portuguesa’ nos Arquivos Cinematográficos” (2018-2020).

Entre 2013 e 2018, desenvolveu o projecto de investigação de pós-doutoramento “Cinema Empire. Portugal, França e Inglaterra” na Universidade do Minho e na Universidade de Reading e foi investigadora visitante na Universidade de Reading e na Université Sorbonne-Paris 3.

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