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Governo sugere uma cooperação linguística entre o português e as línguas africanas

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Edições Novembro Imagens: Ministro da Cultura ladeado pela secretária de Estado do MIREX

Redacção

Publicado às 10h44 06/05/2025 - Actualizado às 10h44 06/05/2025

Luanda - O ministro da Cultura, Filipe Zau, sugeriu, segunda-feira, uma cooperação estreita entre a língua portuguesa e as línguas africanas, com vista à partilha de conhecimentos linguísticos e culturais entre os Estados-Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

 Segundo o JA Online, o governante que discursava, em Luanda, na abertura da 6.ª edição da Semana da Língua Portuguesa, promovida no âmbito das comemorações do Dia da Língua Portuguesa e das Culturas dos Estados-Membros da CPLP e o Dia Mundial da Língua Portuguesa, defendeu que para a existência desta cooperação, é necessário a promoção e valorização das línguas africanas como património linguístico.

"É dentro dessa valorização como património linguístico que nós sugerimos que, futuramente, haja uma cooperação estreita entre a língua portuguesa e as línguas maternas africanas de Angola, embora a língua portuguesa também seja a língua materna de muitos angolanos", sublinhou..

Informou que houve uma estreita ligação entre a língua portuguesa e as línguas africanas, nomeadamente nas igrejas e nas comunidades tradicionais. "Isto acontece até hoje, mas anteriormente, até à primeira República, essa cooperação foi efectiva, inclusivamente com os dicionários e manuais que se produziam", frisou.

Na ocasião, o ministro referiu, igualmente, a necessidade de os falantes do português veicularem da melhor maneira e com maior eficácia a comunicação, evitando a aculturação de outras línguas.

Acrescentou ainda, que se o utente não tiver uma comunicação em língua portuguesa extremamente competente, acaba por ter algum problema e vai recorrer às outras línguas. "Este é o desafio que teremos. Fizemos consulta pública às línguas de Angola e as mesmas vão ser levadas à Assembleia Nacional".

Relativamente às línguas africanas, destacou as principais razões para a sua introdução no sistema de ensino, na opinião de Joseph Poth, que decorre, essencialmente, do elevado índice de reprovações verificadas na escola primária, por falta da necessária competência linguística na língua de escolarização de origem europeia, e não só, bem como dos progressos e não pela psicologia, realçando a importância primordial da língua materna no desenvolvimento psicomotor, afectivo, moral e cognitivo da criança.

"As missões católicas, protestantes e laicas, dada a sua inserção rural, tiveram sempre como preocupação o ensino religioso nas línguas africanas, apesar das dificuldades que lhes eram, por vezes, levantadas pelo poder político", afirmou.

Um símbolo de identidade cultural e união dos povos

Por seu lado, a secretária de Estado para as Relações Exteriores, Esmeralda Mendonça, disse no acto, que a língua portuguesa é um símbolo de identidade cultural e união entre os povos, que a utilizam como meio de comunicação.

Segundo a embaixadora, o reconhecimento reveste-se de "suma importância" para a CPLP, uma vez que a distinção mundial e a comemoração anual na UNESCO, simbolizam a valorização da língua portuguesa e a sua afirmação como língua global.

Sublinhou os esforços dos países da comunidade no fomento de parcerias e iniciativas de cooperação entre académicos, cidadãos comuns, decisores e formuladores de política, com a finalidade de melhorar o conhecimento científico, a cultura oceânica e as políticas públicas relacionadas com o oceano.

"É importante que a língua portuguesa seja igualmente um elemento de preservação do meio ambiente e garante do desenvolvimento sustentável", disse.

Realizada em formato híbrido (presencial e remoto), sob o lema “Língua Portuguesa: Um Oceano de Culturas, um Mundo de Possibilidades”, a Semana da Língua Portuguesa visa promover o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre os Estados-Membros da CPLP, além de celebrar a diversidade cultural e linguística do espaço lusófono.

 

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