Delegação da ONU encantada com a riqueza da cultura nacional


Luanda - A directora-adjunta para o Gabinete de Coordenação para o Desenvolvimento da ONU, Rousemary Kalupurakal, mostrou-se encantada com as danças, as artes e os ritmos melódicos do país, tendo prometido levar ao mais alto nível desta organização mundial o que testemunhou durante a visita ao Palácio de Ferro, em Luanda, realizada sexta-feira.
“Conseguimos testemunhar os ritmos, a cultura, o dinamismo e a energia do povo angolano. Tanto é que os chefes e coordenadores representantes da ONU de países africanos também tiveram a oportunidade de acompanhar este momento de grande alegria”, explicou, citada pelo JA Online.
Frisou que um dos grandes objectivos da visita é alargar o negócio global africano, com a intenção de ajudar os países a aumentarem as receitas da indústria criativa do continente, de maneira a contribuir para o Produto Interno Bruto (PIB).
Ressaltou a indústria criativa dos Estados Unidos da América representa dez por cento do PIB, um exemplo daquilo que se quer que aconteça em África. Porém, disse ser necessário que haja um maior investimento na moda, na música e nos outros domínios da cultura a nível do continente.
A delegação da ONU foi brindada com danças tradicionais do grupo Kupolo Njila, a musicalidade de Heróide e Jay Lourenzo. Tiveram, igualmente, a oportunidade de visitar a exposição “Sona: Traços de uma herança”, das artistas plásticas Carla Peairo e Ermelinda Zau, bem como a feira de artesanato exposta no pátio desta casa de cultura.
O momento serviu, também, para um diálogo interactivo sobre as políticas para desbloquear o potencial das indústrias culturais criativas para a criação de emprego, com a prelecção de Eskedar Nega, directora regional adjunta da ONU para África.
Na qualidade de anfitrião, o Ministro da Cultura, Filipe Zau, considerou a visita da delegação da ONU de carácter importante, por se enquadrar nas celebrações do Dia Internacional dos Museus. Justificou que a ida ao Palácio de Ferro serviu para dar a conhecer um dos monumentos do país e saber mais sobre a “reparação”, o lema da União Africana (UA).
O lema da UA, explicou, tem a ver com a expectativa do país a nível desta organização continental sobre o que se pode reparar para aliviar as consequências do tráfico de escravos.
“Devemos falar sempre da nossa história, e não nos podemos esquecer que o subdesenvolvimento, as dificuldades que enfrentamos, tem relação com a questão do tráfico de escravos”, disse.
África, proferiu, não é um continente menor em relação aos outros, tampouco os africanos, mas, por razões de ordem histórica, “fomos sujeitos a ser traficados como coisa” e “não tratados como gente”.
“Isso se reflecte até aos dias de hoje na nossa forma de pensar, mas, sobretudo, no nosso baixo sentido de auto-estima. É necessário elevarmos o nosso sentido de auto-estima e entender melhor a história, porque nos permite estarmos mais unidos e a trabalhar para o desenvolvimento de África, no geral, e de Angola em particular”.
Filipe Zau sublinhou que a ONU tem um olhar bastante positivo quanto à questão da riqueza cultural angolana, principalmente no âmbito da reparação, que é a devolução dos artefactos culturais levados para outros países.
A celebração da data é feita desde o dia 18 de Maio de 1977, por proposta do ICOM – Conselho Internacional de Museus.