Claúdio da Silva vence Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa


Lisboa - O angolano Claúdio da Silva venceu a décima edição do Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa: Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa, com o livro “Boi”.
O anúncio, segundo uma nota publicada no website da UCCLA, ocorreu a 5 do corrente mês, Dia Mundial da Língua Portuguesa, e no âmbito do Festival Literário de Lisboa–5L.
O júri atribuiu, também, uma menção honrosa à obra “Depois que Deus morreu”, uma novela-ensaio da autoria de Carla Pereira.
Discursaram na cerimónia, a directora Municipal de Cultura da Câmara de Lisboa, Laurentina Pereira, a chefe de Divisão da Rede de Bibliotecas de Lisboa, Edite Guimarães, a secretária-geral adjunta da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), embaixadora Paula Leal da Silva, e o coordenador da Cultura da UCCLA, Rui Lourido.
O coordenador da Cultura da UCCLA, Rui Lourido, destacou a abrangência geográfica do prémio, os vencedores das anteriores edições e o género literário das participações, enquanfo a secretária-geral adjunta da organização, Paula Leal da Silva, sublinha que “o português é uma língua global e cultural” e o prémio representa “o mais importante, em termos de revelação literária, em língua portuguesa, possuindo uma dimensão internacional alargada e deveras representativa”.
Sobre a obra “Depois que Deus morreu”, menção honrosa, a fundamentação esclarece que é uma “narrativa poderosa, intimista e medidativa, com personagens, poucas, cujas linhas de acção ora parecem acontecer numa realidade de facto, ora numa outra realidade paralela, metafísica, Depois que Deus Morreu é um caso feliz de construção bem montada e breve de uma narrativa aguda, nem conto, nem novela”.
Relativamente ao trabalho vencedor, é reconhecido que, apesar de ter desempenhado vários trabalhos na área cultural, é a primeira vez que Claúdio da Silva o “transforma em objecto literário fechado, tendo sido destacado que o livro é “uma espécie de investigação policial, em busca de um autor fantasma. “Boi” porque é um animal mítico”.
Nesta edição, registaram-se participantes com obras em língua portuguesa de 14 países de residência, designadamente Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Brasil, Timor-Leste, Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Portugal, Suíça e Austrália.
No total, houve 249 candidaturas, sendo o Brasil o país com o maior número de candidaturas, seguido por Portugal e Moçambique, reafirmando que, desde a sua criação, o prémio tem-se consolidado como a principal iniciativa de revelação literária no espaço da língua portuguesa.
O concurso mantém o seu compromisso de incentivar a escrita entre os jovens, com 42 por cento dos participantes com menos de 40 anos, enquanto promove o diálogo intergeracional, com escritores entre os 70 e 80 anos.
Em termos de representatividade de género, as mulheres correspondem a 32 por cento dos concorrentes, à semelhança da edição anterior, reiterando o crescimento gradual da participação feminina.
O júri foi constituído por Domício Proença (Brasil), Germano Almeida (Cabo Verde), Hélder Simbad (Angola), Inocência Mata (São Tomé e Príncipe), José Pires Laranjeira (Portugal), Luís Carlos Patraquim (Moçambique),
Luís Costa (Timor-Leste), Tony Tcheka (Guiné-Bissau), Yao Jing Ming (Macau), João Pinto de Sousa (representante do Movimento 800 Anos de Língua Portuguesa) e Rui Lourido (representante da UCCLA).
O Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa visa reconhecer e apoiar novos talentos literários, nos domínios da prosa de ficção (romance, novela, conto e crónica) e da poesia, em língua portuguesa, por escritores que nunca tenham publicado uma obra literária.
Foi criado pela UCCLA, em 2015, juntamente com o Movimento "800 Anos da Língua Portuguesa", contando com a parceria da editora Guerra e Paz, que se responsabiliza pela edição da obra premiada, e da Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito do Festival Literário de Lisboa 5L.
Venceram as edições anteriores:
9.ª edição: Cantagalo de Fernanda Teixeira Ribeiro (Brasil)
8.ª edição: Breviário de Medo e Malícia de Leonel Araújo Barbosa (Portugal)
7.ª edição: Caligrafia de Alexandre Siloto Assine (Brasil)
6.ª edição: O Sonho de Amadeu de Leonardo Costa Oliveira (Brasil)
5.ª edição: O Heterónimo de Pedra de Henrique Reinaldo Castanheira (Portugal)
4.ª edição: Praças de António Pedro Serrano de Sousa Correia (Portugal/Angola)
3.ª edição: Equilíbrio Distante de Óscar Maldonado (Paraguai/Brasil)
2.ª edição: Diário de Cão de Thiago Rodrigues Braga (Brasil)
1.ª edição: Era uma vez um Homem de João Nuno Azambuja (Portugal)