Festival de dança e música Ngeya exalta riqueza cultural do Leste do país


Luanda – A quarta edição do Festival Regional de Dança e Música Tradicional "Ngeya" exibiu, este sábado, os principais ritmos tradicionais e o folclore das províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico e Cabinda, como convidada.
Enquadrado nas celebrações dos 50 anos da Independência Nacional, o festival juntou, durante dois dias, 13 grupos, sendo 11 de dança e dois instrumentais da Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico, com mais de 100 artistas, no Largo Dr. Agostinho Neto, na cidade do Dundo (província da Lunda Norte).
Participou igualmente o grupo Mayeye Itchiacu Tchacu, da província de Cabinda, como convidado.
O director artístico do evento, Gabriel Tchiema, deu a conhecer que o objectivo do festival é promover o diálogo inter-cultural, através do encontro de gerações e construção de legados para a promoção da multi-cultura das províncias do Leste de Angola.
Revelou que, pela sua raridade, o instrumento musical Chinguvu passa, a partir do corrente ano, a ser a marca do festival, visando a sua preservação, valorização e divulgação.
Gabriel Tchiema, que falava à imprensa sobre a quarta edição do evento, sublinhou que a decisão visa atrair jovens artistas para que se interessem pelo instrumento, aprendendo a fabricar e executar o mesmo, na perspectiva da sua preservação.
O instrumento musical Chinguvu, recentemente declarado Património Cultural Imaterial Nacional, no domínio dos saberes e ofícios tradicionais, é um aparelho tradicional que, em termos práticos, deixou de ser utilizado na orquestra do folclore da região Leste do país.
Para além da sua utilidade na arte, o Chinguvu, que produz um som que atinge cerca de trinta quilómetros, servia também de meio de comunicação entre os povos cokwe, com o qual eram enviadas mensagens de chamamento para um determinado assunto ou alerta de qualquer fenómeno na comunidade.
Em termos de orquestra, o Chinguvu acompanha as exibições das diversas máscaras e danças colectivas, nomeadamente Kapaka, Kateko, Tchisela e Tchianda.
Durante o festival, foram exibidos os principais ritmos tradicionais e folclóricos do Leste, bem como promovidos o resgate e diálogo inter-cultural.
A última edição do festival, que é patrocinado pela Sociedade Mineira de Catoca, foi realizada, em Junho de 2024, na cidade de Saurimo (Lunda Sul).
Por outro lado, Gabriel Tchiema revelou a organização do festival está a trabalhar com os patrocinadores, no sentido de internacionalizar o evento.
Adiantou que está a ser desenhado um formato para que, nas próximas edições, participem grupos de alguns países africanos, como a República Democrática do Congo, Zâmbia, Zimbabwe, Botswana e Namíbia.
"O Ngeya foi concebido para a promoção e divulgação da cultura da região, do intercâmbio cultural, com foco em aprendizado e troca de experiências, daí a nossa ambição em internacional o evento para que as outras culturas conheçam a nossa", realçou.
Disse que a ideia é assegurar que o festival seja reconhecido pela sua originalidade e capacidade de unir povos, através da arte, sendo que a intenção de internacionalizar visa também atrair investigadores científicos e culturais, sobretudo do continente africano, para pesquisas profundas sobre a tradição Tchokwe e eternalizar em livros ou conteúdos audiovisuais.
No primeiro dia do festival, sexta-feira última, realizou-se palestras sobre “Os desafios da juventude com a preservação da cultura na era digital” e “Sona na sua comunicação sistemática e educativa”, conduzidas pelo bispo da diocese do Dundo, Dom Estanislau Chindecasse e o director da Cultura na Lunda Norte, José Fernando.
No mesmo dia realizou-se uma feira de gastronomia, exposição de obras de arte e um pré-festival com a actuação de músicos da Lunda-Norte.