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Secretário-geral da ONU considera que obra de Mafrano ajuda a repor a dignidade dos povos Bantu

SG da ONU com membros da família do autor da obra "Os bantu na visão de Mafrano"
SG da ONU com membros da família do autor da obra "Os bantu na visão de Mafrano" Imagens: DR

Redacção

Publicado às 12h48 27/11/2025 - Actualizado às 12h49 27/11/2025

Luanda - O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, considerou, segunda-feira, em Luanda, que a colectânea angolana “Os Bantu na visão de Mafrano”, Antropologia Cultural, ajuda a repor a dignidade dos povos subjugados pelos impérios coloniais, no continente africano.

 Segundo notícia do JA Online, António Guterres fez estas declarações, durante um breve encontro, com a família do autor já falecido, Maurício Francisco Caetano “Mafrano”, que lhe ofereceu os três volumes daquela obra póstuma, muito apreciada pelo mais alto dignatário das Nações Unidas.

Entre os presentes, destaca-se o coordenador em exercício do Sistema das Nações Unidas em Angola, Diego Zorrilla Orsat, membros da comitiva de António Guterres e três familiares do autor.

“Os impérios coloniais distorceram a imagens de África, e esta obra vem repor a dignidade destes povos”, disse o Secretário-Geral das Nações Unidas, que esteve, em Luanda, como convidado da VII Cimeira União Africana-União Europeia.

Para a família do autor, esta colectânea sobre a Antropologia Cultural e a civilização Bantu vai ser certamente uma mais-valia internacional, se estiver também disponível em francês e inglês.

“A obra enuncia um conjunto de princípios assentes na solidariedade humana que podem contribuir para a solução de conflitos e permitir um maior conhecimento e aproximação entre vários povos do mundo”, afirmou José Caetano, filho do autor.

“Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias”, Antropologia Cultural Angolana, é uma obra em três volumes, 39 capítulos e 800 páginas que começou a ser esboçada em 2011, para ser concluída em Agosto de 2025.

A colectânea teve como fonte um legado de estudos e textos publicados em vários jornais e revistas, com ênfase para os jornais “O Apostolado”, “Angola Norte”, “O Angolense”, a Revista Angola da Liga Nacional Africana, assim como um “Boletim”, do Ministério das Finanças, publicado já depois da Independência de Angola.

O autor, escritor e etnólogo angolano Maurício Francisco Caetano “Mafrano” observou os hábitos e costumes autóctones em localidades onde trabalhou desde os anos 40 até à data da sua morte, em 1982, como Cabinda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Dembos e Luanda.

O primeiro volume foi apresentado em Abril e Maio de 2022, no Lubango, Huíla, e em Luanda, e prefaciado por Dom Zacarias Kamwenho, arcebispo emérito do Lubango, prémio Sakharov 2001, que considerou o autor como “o antropólogo maior de Angola”.

O segundo volume da colectânea foi apresentado, em Luanda, por Dom José Manuel Imbamba, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), em Julho de 2023.

Em Novembro de 2024, a obra foi distinguida pelo Ministério da Cultura, com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na modalidade de Investigação em Ciências Humanas e Sociais.

O terceiro e último volume foi apresentado, em Luanda, no dia 12 de Agosto deste ano, na Escola Nacional de Administração e Políticas Públicas (ENAPP), por Dom Filomeno Vieira Dias, arcebispo de Luanda.

Maurício Caetano foi director nacional do Ministério das Finanças e membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA). Destacou-se igualmente como professor em vários estabelecimentos de ensino.

Na infância, então menino órfão, teve como tutor um sacerdote santomense, o cónego José Pereira da Costa Frotta (1879-1954), que o recolheu na Escola da Missão Católica do Dondo, sua terra natal, e o levou posteriormente para o Seminário do Sagrado Coração de Jesus de Luanda, onde cursou Filosofia e Teologia.

Até à presente data, a sua colectânea foi apresentada em Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Portugal, Alemanha, Reino Unido, e, por videoconferência, no Brasil.

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