RATING

Standard & Poor’s mantém rating de Angola em B-

Agência Standard & Poor`s  - Divulgação
Agência Standard & Poor`s Imagem: Divulgação

21/02/2024 13h48

Luanda - A agência de notação financeira Standard & Poor`s (S&P) decidiu manter o rating de Angola em B-, abaixo da recomendação para investimento, ao considerar que as vulnerabilidades continuam elevadas.

Entre os factores ponderados na decisão destacam-se a baixa oferta de moeda estrangeira, a alta taxa de inflação e a contínua forte dependência do petróleo.

"Os elevados níveis de dolarização de Angola e a baixa oferta de moeda estrangeira, uma vez que o Governo dá prioridade ao reembolso da dívida externa, vão impedir uma melhoria mais substancial nas condições económicas mais amplas", escrevem os analistas na nota enviada aos investidores.

Adiantam que "os custos do serviço da dívida deverão ter atingido um pico em 2023, mas as vulnerabilidades externas e orçamentais continuam elevadas e susceptíveis às dinâmicas dos sectores cambial e petrolífero".

As reformas para reduzir a dependência do petróleo "têm feito um progresso lento", com o Executivo angolano a dar "passos significativos nas políticas nos últimos anos para reduzir os desequilíbrios económicos, gerir os próximos pagamentos de dívida e melhorar a produção interna não petrolífera, mas os sucessivos choques externos as melhorias meramente marginais na capacidade de produção não petrolífera impediram uma diversificação significativa", diz a agência norte-americana.

Segundo a agência portuguesa de notícias Lusa, a Standard & Poor's prevê que o pagamento de juros da dívida de Angola aumente para 30 por cento da receita fiscal até 2027.

"Prevemos que os juros da dívida aumentem para 30 por cento da receita fiscal até 2027, face aos 23,8 por cento do final de 2023, devido ao ambiente de juros mais altos por mais tempo", escrevem os analistas para explicar a manutenção do “rating” de Angola em B-.

Na análise, a agência de notação financeira acrescenta que "apesar das vulnerabilidades continuarem prementes, a dívida do Governo vai descer de quase 90 por cento, no ano passado, para 76 por cento, no final de 2027, devido à consolidação orçamental e ao facto de o aumento da inflação resultar num crescimento do PIB que ultrapassa a acumulação de dívida".

Adianta que quase metade (48 por cento) dos pagamentos de dívida externa neste e no próximo ano serão feitos à China, através de pagamentos com petróleo, pelo que uma considerável parte das receitas petrolíferas angolanas vão continuar destinadas aos credores chineses, pesando ainda mais na flexibilidade orçamental.

Os pagamentos totais de dívida comercial vão chegar aos 4,4 mil milhões este ano (4 mil milhões de euros), dos quais 800 milhões de dólares (742 milhões de euros) dizem respeito a títulos de dívida comercial emitidos em moeda externa (Eurobonds), mas aumentam para 5,1 mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros) em 2025, dos quais 1,66 mil milhões de dólares, cerca de 1,54 mil milhões de euros, dizem respeito a Eurobonds.

Os pagamentos de dívida bilateral e multilateral "são mais modestos, chegando a 1,3 e 1,6 mil milhões de dólares [1,2 e 1,4 mil milhões de euros], respetivamente, no mesmo período", revela a agência.

Apesar dos valores elevados, a Standard & Poor’s considera que o Executivo angolano “está a gerir proactivamente as suas obrigações de pagamento da dívida e tem recursos suficientes para pagar o seu perfil de dívida, nos próximos três anos, desde que não haja mais choques adversos"

Mais lidas


Últimas notícias