Luanda - Os bancos angolanos registaram um aumento de 65,8 por cento nos seus resultados líquidos, para 545 mil milhões de Kwanzas, devido aos efeitos cambiais, indica um estudo apresentado, esta quinta-feira, no fórum "Banca em Análise".

De acordo com o estudo da Deloitte Angola, o aumento explica-se pelo crescimento de 261 por cento dos resultados cambiais, que totalizaram 452 mil milhões de Kwanzas, devido à desvalorização cambial da moeda angolana face ao euro e ao dólar, enquanto o produto bancário aumentou 48 por cento.

O estudo "Banca em Análise", na sua décima oitava edição, foi elaborado a partir da informação financeira dos 23 bancos que operaram em Angola durante o ano de 2023, que ficou marcado por uma desafiante conjuntura internacional, com impactos decorrentes dos conflitos geopolíticos e pela redução do preço do petróleo, lê-se no documento.

Em 2023, adianta o estudo, o crédito líquido concedido a clientes aumentou cerca de 40 por cento e a qualidade do crédito reduziu de 22 para 19 por cento, com especial destaque para a descida na cobertura por imparidade dos créditos em incumprimento.

O rácio de crédito vencido, indica o documento da Deloitte, registou um aumento marginal face a 2022, tendo-se cifrado em 20,8 por cento, em 2023, face a 20,6 por cento verificado no período homólogo e o total do crédito vencido sobre o activo dos bancos passou de cerca de cinco por cento, em 2022, para 5,2 por cento, em 2023.

Neste contexto, esclarece o documento, os bancos devem continuar a efectuar um esforço adicional para reforçar as imparidades para crédito, uma vez que a cobertura tem vindo a reduzir nos últimos anos.

Os depósitos registaram um aumento próximo de 31 por cento face a 2022, inferior ao crescimento da massa monetária, que registou uma variação de 37,8 por cento, em 2023, reflectindo o aumento do numerário que não foi captado pelo sector bancário.

Destaca-se também o crescimento dos resultados de activos e passivos financeiros em torno dos 180 mil milhões de Kwanzas face ao período homólogo, resultante da mais-valia gerada pela alienação de dívida pública angolana efectuada por alguns bancos, indica o comunicado da consultora.

No estudo realça-se também a evolução gradual, mas sustentada, do uso de meios de pagamento electrónicos, que registou um aumento de 10,5 por cento no número de cartões Multicaixa emitidos e de 11,1 por cento no número de caixas automáticas (ATM), com as transacções em Terminais de Pagamento Automático (TPA) a aumentarem 25 por cento, em 2023.

A aplicação Multicaixa Express teve um crescimento de 54,9 por cento, em 2023, enquanto o comércio electrónico registou um acréscimo de 48 por cento nas transacções totais.