Angola reconhece trabalho da CNUCED na promoção da cooperação Sul-Sul
Genebra - Angola reconheceu, esta quarta-feira, a dedicação da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED) no reforço das capacidades dos países em desenvolvimento, através da investigação e análise, da cooperação técnica e da criação de consensos, durante os seus 60 anos de existência.
Uma nota de imprensa da Missão Permanente de Angola junto do Escritório das Nações Unidas em Genebra indica que, numa declaração, Angola associou-se às declarações do Cambodja, em nome do G77 e da China, e do Níger, pelo Grupo Africano, Nepal e Grupo dos Países Menos Avançados (PMA), no quadro da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED).
Na declaração, vem expressa a convicção de Angola de que “a CNUCED promoveu a cooperação Sul-Sul, defendeu um sistema comercial global mais equitativo e inclusivo, apoiou sempre os países em desenvolvimento no acesso aos benefícios de uma economia global e enfrentou os desafios do comércio e do desenvolvimento, numa economia global cada vez mais exigente”.
A posição de Angola foi manifestada pela Missão Permanente de Angola junto das Nações Unidas e de outras Organizações Internacionais em Genebra, durante a 71ª sessão do Conselho de Comércio e Desenvolvimento da CNUCED, que decorre de 16 a 27 do corrente mês, no Palácio das Nações, em Genebra.
A contribuição de Angola ao debate centrou-se em três pontos da agenda debatidos nas sessões dedicadas à análise do relatório anual da Secretária Geral e sobre as actividades realizadas pela CNUCED em apoio ao continente africano.
Angola aproveitou a oportunidade para lamentar o facto de se ter notado o aumento das desigualdades e a subida da dívida pública mundial para um pico histórico de 97 biliões de dólares, em 2023, crescendo 90 por cento, desde 2010.
“Actualmente, cerca de 3,3 mil milhões de pessoas vivem em países que gastam mais com o pagamento de juros da dívida do que com os sectores sociais, em especial a educação e a saúde", salienta a declaração, reconhecendo que os países em desenvolvimento têm um acesso limitado ao financiamento, mas enfrentam o aumento dos custos dos empréstimos, a desvalorização da moeda e o crescimento lento.
No documento, Angola apela aos responsáveis do sistema comercial global para desenvolverem acções urgentes, incluindo medidas para reduzir os custos da dívida, alargar o acesso ao financiamento a longo prazo e aliviar o peso crescente da dívida externa dos países menos desenvolvidos.
Alertou para o facto dos fluxos financeiros ilícitos continuarem a obstruir os esforços, no sentido de um desenvolvimento sustentável, por isso, reconhece ser “fundamental conceber e implementar políticas, no âmbito de quadros de financiamento nacionais integrados para reforçar a capacidade dos países em desenvolvimento".
"Produzir estimativas normalizadas dos fluxos financeiros ilícitos e melhorar as capacidades de investigação e análise para desenvolver respostas políticas baseadas em provas, a fim de travar os fluxos financeiros ilícitos e, ao mesmo tempo, reforçar a mobilização de recursos nacionais, nomeadamente através da análise das políticas fiscais comerciais, a fim de atenuar os incentivos que encorajam esses fluxos”, é também sinalizado por Angola, na sua declaração.
Neste contexto, a declaração de Angola saúda a CNUCED pela sua nova orientação estratégica e o seu novo caminho, esperando que ajude os países em desenvolvimento a criarem quadros regulamentares mais sólidos e fiáveis para superar os desafios de desenvolvimento multifacetados.