Agricultura representa 17,2 por cento do PIB de África
Puglia (Itália) - A agricultura representa 17,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de África e continua a ser o pilar da economia do continente, assegurou em Puglia (Itália), a comissária da União Africana, Josefa Correia Sacko.
A comissária para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável da União Africana revelou estes dados durante o evento da cúpula do G7 (grupo dos paises mais industrializados do mundo), tendo referido que este sector preenche 52 por cento do total de emprego no continente e 75 por cento do seu comércio interno.
Fez saber que a agricultura em África tem um enorme potencial, por possuir os ingredientes naturais necessários que garantem aumento consideravel da produção agrícola, a julgar pelos cerca de 600 milhões de hectares de terra arável não cultivada, abundância de água doce, mão de obra jovem e crescente, aumento da urbanização e grandes mercados regionais.
A diplomata, de nacionalidade angolana, referiu que, desde 2000, a África Subsariana registou também a taxa de crescimento agrícola mais elevada de todas as regiões do mundo.
“Ainda se assite a dificuldades em adquirir terras aráveis para a agricultura em grande escala, devido a direitos legais mal definidos, infra-estruturas deficientes, especialmente em termos de estradas e electricidade, que tornam as empresas agro-industriais pouco rentáveis e pouco competitivas”, frisou a comissária da União Africana.
Referiu que a agricultura africana continua a ser predominantemente de sequeiro e liderada por pequenos agricultores com baixa produtividade, e aproximadamente 80 por cento das terras agrícolas na África Subsariana são ocupadas por pequenos agricultores, com culturas de subsistência ou duas culturas de rendimento em pequenas parcelas de terra.
Sublinhou que para mudar o quadro actual a União Africana concebeu uma nova estratégia de implusionar a agricultura, que consiste num programa de 10 anos com vista a modernizar o sector e aumentar a resiliência, cujo plano será apresentado, no próximo ano, aos Chefes de Estado e de Governo Africanos, na cimeira extraordinária, aprazada para Kampala, Uganda.
Manifestou interesse que o G7 apoiasse este plano, considerando que a qualidade da cooperação actual com a organização é boa, embora reconheça que pode ser melhorada, com o estabelecimento de diálogos sérios e dedicados com os países e organizações africanas, como a Organização Africana de Cooperação e Desenvolvimento Económico, a fim de identificar e co-desenhar programas e projectos conjuntos.
Josefa Sacko notou que, no ano passado, o Governo italiano lançou um plano, denominado “Plano Mattei”, cujo objectivo é ajudar os países africanos a desenvolver a sua própria agricultura, de modo a serem auto-suficientes em termos alimentares e evitar a migração.
“De um ponto de vista prático, o governo italiano está a ajudar as empresas italianas a investir em África. Por exemplo, o grupo BF assinou um acordo com o governo argelino para arrendar 36 mil hectares de terra para serem cultivados em parceria com empresas locais”, exemplificou.
O plano dispõe de um financiamento inicial de 5,5 mil milhões de euros em subvenções, créditos ou garantias, e consistiu inicialmente em nove projectos piloto na Argélia, República Democrática do Congo, Egipto, Etiópia, Cote D’Ivoire, Kenya, Marrocos, Moçambique e Tunísia, centrados em cinco pilares fundamentais, designadamente educação, formação, agricultura, saúde e energia e água.