Economia

Economia


PUBLICIDADE

Executivo fixa stock da dívida pública em 57,4 biliões de kwanzas em 2025

Ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa
Ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa Imagens: Edições Novembro

Redacção

Publicado às 12h35 28/01/2025

Luanda - O Executivo angolano fixou um stock da dívida pública de 57,4 biliões de kwanzas, em 2025, a representar 63 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), revelou, esta segunda-feira, em Luanda, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa.

Ao apresentar o Plano Anual de Endividamento de Angola, Vera Daves de Sousa adiantou que se projecta um serviço da dívida governamental em aproximadamente 13,2 biliões de kwanzas e uma captação de cerca de 14,6 biliões de kwanzas.

Ao referir que o endividamento é um instrumento estratégico para o crescimento e desenvolvimento do país, Vera Daves de Sousa garantiu que a melhor solução é e será sempre a arrecadação de receita fiscal, porque a utilização de recursos próprios é a base de tudo.

Considerou que a gestão da dívida pública é uma tarefa exigente e desafiante, mas fundamental para garantir a estabilidade macro-económica e o financiamento das prioridades de desenvolvimento.

Recordou que, nos últimos três anos, o país enfrentou com perseverança um serviço de dívida, designou de "gigantesco", equivalente em média a 16 mil milhões de dólares por ano, e manifestou o desejo de que cada cidadão, agente económico e parceiros estejam tranquilos quanto à seriedade da gestão da dívida pública.

Salientou que, no âmbito da transparência e por iniciativa do ministério que dirige, têm contado com o apoio da Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) no processo de certificação da dívida comercial, garantindo que nenhum pagamento seja feito indevidamente ou à margem da lei.

Enfatizou que o Ministério das Finanças está ciente dos desafios e convicto de que está no caminho certo, tendo reconhecido que a estabilidade e o crescimento sustentado de Angola dependem de uma gestão prudente, equilibrada e transparente da dívida pública.

Estado angolano espera ter dívida com a China saneada em 2028

Por seu lado, o director-geral da Unidade de Gestão da Dívida de Angola, Dorivaldo Teixeira, disse que a dívida com a China, principal credor de Angola, tem estado numa trajectória descendente e poderá estar totalmente saneada, em 2028.

Dorivaldo Teixeira, que apresentou, segunda-feira, o Plano Anual de Endividamento angolano para 2025, balanceou o histórico da dívida pública e lembrou que o principal credor, a China, representa cerca de 14,15 mil milhões de dólares, com a dívida colateralizada ou não ao petróleo.

Relativamente a dívida interna, adiantou que tem está em aproximadamente 14 mil milhões de dólares,  sendo o Reino Unido um dos principais credores.

Salientou que, no âmbito da divida com o maior credor, Angola fornece à China carregamentos de petróleo que são monetizados a preços do mercado, sendo os recursos provenientes direccionados, quer para o serviço de dívida, quer para a actividade financeira do Estado.

"Em Março de 2024, conseguimos entrar em acordo, que nos permitiu alterar ligeiramente a mecânica de funcionamento desse acordo, permitindo que Angola passasse a libertar recursos extraordinários das suas contas 'escrow' (conta que funciona como garantia ou caução em transações comerciais)", recordou.

Dorivaldo Teixeira sublinhou que a trajectória do stock da dívida com a China que, em 2017, estava em cerca de 23 mil milhões de dólares, decresceu e tem vindo a reduzir, enfatizando que "se continuarmos a conseguir servir essa dívida com a dimensão que temos estado a servir, provavelmente, em 2028, poderemos vir a ter essa dívida totalmente saneada".

O stock da dívida, considerou, teve uma melhoria significativa, passando de cerca de 72 mil milhões de dólares para 60 mil milhões de dólares, em parte devido a redução da dívida interna e externa e também as variações cambiais, havendo mais dívida não indexada ao câmbio.

Revelou estar previsto, este ano, o Executivo ir ao mercado internacional e poder fazer uma emissão na dimensão de 1,5 mil milhões de dólares, além de o país contar com apoio à tesouraria de um financiamento do Banco Mundial, de cerca de 500 milhões de dólares, do Banco Africano de Desenvolvimento, de cerca de 164 milhões de dólares, e o remanescente de financiamentos comerciais. 

O director-geral da Unidade de Gestão da Dívida Pública afirmou que o mercado interno deve contar com cerca de 3,7 biliões de kwanzas para efeito de antecipação de receitas e o remanescente vai ser utilizado para suportar o financiamento do Estado, numa visão de financiamento permanente.

Considerou ser importante estimular mais o mercado para que o país possa financiar-se mais em moeda nacional, criando condições para que haja menos pressão proveniente dos financiamentos em moeda externa, reconhecendo que o mercado interno tem muito potencial e já demonstrou em 2023 e 2024. 

Em relação ao mercado internacional, afirmou, o país pode vir a utilizar emissões internacionais em cerca de 1,5 mil milhões de dólares. “Temos já assegurados financiamentos na ordem dos 3,6 biliões de kwanzas, e o remanescente que está por financiar cerca de 788 mil milhões de dólares”.

Quanto aos principais credores, Dorivaldo Teixeira afirmou que a China continua a liderar os três maiores blocos, com 14 mil milhões de dólares, seguida do Mercado do México, na mesma dimensão, e dos investidores internacionais, as eurobonds, que ascendem mais ou menos a nove mil milhões de dólares.

Dorivaldo Teixeira considerou que, se as condições macro-económicas e da produção do petróleo de Angola se mantiverem nos níveis actuais, será possível ir projectando a redução ou extinção da dívida com a China, em 2028. 

PUBLICIDADE