TARIFAS

Oxford Economics critica política de tarifas-zero da China para África

Oxford Economics critica política de
Oxford Economics critica política de "tarifas zero" da China para Africa Imagem: DR

17/06/2025 18h51

Londres - A consultora britânica Oxford Economics considera que a recente isenção tarifária anunciada pela China para os países africanos “não é apenas uma iniciativa comercial, mas sim uma manobra estratégica”, com o objectivo de redefinir as suas relações com o continente africano.

Segundo os analistas do departamento africano da consultora, “a política de tarifas zero de Pequim visa não só promover o comércio, como também fortalecer alianças estratégicas com África, reduzir a influência dos Estados Unidos da América e garantir uma presença mais profunda da China no futuro político e económico do continente.”

A decisão de isentar de tarifas as exportações provenientes de todos os países africanos, com os quais mantém relações diplomáticas — com excepção de Essuatíni, por este reconhecer a soberania de Taiwan (uma pequena nação insular situada 180 quilómetros a leste da China) —, foi anunciada na semana passada durante o Fórum de Cooperação China-África (FOCAC).

Para a Oxford Economics, a implicação mais profunda desta medida é o possível declínio gradual da influência norte-americana em África. Os analistas alertam que, com esta aproximação, os líderes africanos poderão tornar-se mais receptivos à visão chinesa nos fóruns internacionais, o que enfraquecerá ainda mais o peso político e económico do Ocidente no continente.

A consultora sublinhou ainda que sanções e regulamentos comerciais impostos por países ocidentais poderão ter menos impacto, uma vez que as economias africanas estarão cada vez mais integradas nas cadeias de abastecimento e redes comerciais da China.

Além da isenção tarifária, a China reafirmou, durante o FOCAC, o seu compromisso de cooperar com os países africanos em sectores estratégicos como a indústria verde, o comércio electrónico, a Inteligência Artificial, a segurança e a governança. A intenção é reforçar uma relação económica que se torna, a cada ano, mais significativa.

Segundo dados da Administração Geral de Alfândegas da China, o comércio bilateral com África ultrapassou os 255,7 mil milhões de euros em 2024. Entre Janeiro e Maio de 2025, esse volume cresceu 12,4%, atingindo os 117,3 mil milhões de euros.

Angola liderou as exportações africanas para a China em 2023, com 46,4% do total, seguida pela República Democrática do Congo e por Moçambique, que também se destacou com quase 20%.

Mais lidas


Últimas notícias