Primeira-ministra italiana defende respostas concretas às prioridades dos parceiros africanos

Roma – A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou representar um marco decisivo a Cimeira de Alto Nível sobre o Corredor do Lobito e a parceria com o Plano Mattei para África e o Global Gateway da União Europeia para o processo de internacionalização do projecto.

Giorgia Meloni, que falava sexta-feira última, em Roma, na abertura da cimeira, considerou o projecto do Corredor do Lobito estratégico para o desenvolvimento sustentável e a cooperação com o continente africano.

O ministro das Relações Exteriores, Téte António, representou o Presidente da República, João Lourenço, na cimeira, que contou com a participação da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A primeira-ministra italiana destacou a necessidade de se estabelecer sinergias com os parceiros internacionais, com especial ênfase para o papel da União Europeia e do programa Global Gateway, que destina 150 mil milhões de euros para investimentos em África, enfatizando o desejo de se oferecer respostas concretas às prioridades expressas pelos parceiros africanos.

A chefe do governo italiano sublinhou a importância de infra-estruturas estratégicas, como o Corredor do Lobito, localizado em Angola, na província de Benguela, que vai ligar o oceano Atlântico ao Índico, além de conexões digitais modernas e seguras, como o cabo Blue Raman, da SPARC, e iniciativas de Inteligência Artificial (IA).

Giorgia Meloni anunciou ainda investimentos em cadeias agro-alimentares africanas, com projectos de transformação de produtos agrícolas sustentáveis, desenvolvendo projectos em diálogo directo com os países africanos, sublinhando que a abordagem da Itália é de respeito, responsabilidade e visão.

Recordou que, há 18 meses, durante a cúpula Itália-África, realizada em Roma, no início da presidência italiana do G7, foi iniciado um percurso que agora resulta em instrumentos operativos, recursos mobilizados e oportunidades reais, inclusive para as pequenas e médias empresas europeias.

Reconheceu que África é um continente chave para o futuro, salientando que fortalecer o continente africano “é também fortalecer a Europa”.

O Corredor do Lobito, empreendimento estratégico e de grande importância económica e logística para Angola, países vizinhos e região da África Austral, liga o Porto do Lobito (Angola) a República Democrática do Congo (RDC) e a Zâmbia, servindo para a exportação e importação de mercadorias, incluindo minerais, como cobre e cobalto.

O ministro angolano dos Transportes, Ricardo D’Abreu, disse que, com a formalização dos acordos, no âmbito da Cimeira de Alto Nível de Roma, o Corredor do Lobito consolidou o seu estatuto como eixo estratégico para o desenvolvimento da África Austral e para a ligação entre os oceanos Atlântico e Índico.

Falando a imprensa, após ter participado na Cimeira do Plano Mattei para África e da estratégia Global Gateway da União Europeia, com especial destaque para o desenvolvimento do Corredor do Lobito, destacou a realização do evento, organizado pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, com participação da presidente da Comissão da União Europeia, Ursula Von der Leyen.

sublinhou que, durante a reunião, o Corredor do Lobito foi um dos temas centrais, o que realça a sua importância para Angola e toda a região da África Austral, tendo sido considerado como uma espinha dorsal de um processo de desenvolvimento económico capaz de transformar cadeias logísticas, energéticas e industriais do continente.

Destacou os acordos estratégicos e o financiamento multilateral, enfatizando que a Itália anunciou, no quadro do Plano Mattei, a mobilização de 320 milhões de euros para apoiar a extensão do Corredor do Lobito, no interior da Zâmbia, projecto denominado Greenfield, pelo liderado pelo África Finance Corporation (AFC), com previsão de início no primeiro trimestre de 2026.

O referido projecto integra uma iniciativa mais ampla, avaliada em quatro mil milhões de dólares, contando com envolvimento do sector privado.

Por seu lado, a União Europeia, através da sua estratégia Global Gateway, confirmou um pacote de 77 milhões de euros, destinados ao fortalecimento de vários sub-sectores ao longo do corredor.

Revelou que o referido montante vai ser aplicado no capital humano, em programas de capacitação técnica e profissional ao longo do corredor, com destaque para a formação de jovens, mulheres e grupos vulneráveis, ecoturismo, promoção de iniciativas de turismo ecológico sustentável nas regiões adjacentes à linha férrea, agricultura sustentável e logística, bem como valorização da agricultura e reforço das infra-estruturas logísticas.

Sublinhou que os participantes a cimeira apelaram para a adopção de uma abordagem mais pragmática na implementação dos projectos em África, fazendo com que os benefícios cheguem rapidamente às populações locais, evitando os habituais atrasos na execução dos financiamentos anunciados.

Durante a Cimeira foram analisados temas ligados as parcerias mutuamente benéficas, infra-estruturas e cadeias de valor, conectividade digital e agricultura, assim como foram assinados acordos, com realce para o de desenvolvimento sustentável e financiamento para o Corredor do Lobito, em Angola.