Fundo Soberano de Angola encerra 2024 com crescimento de cinco por cento dos activos


Luanda - O Fundo Soberano de Angola encerrou o exercício de 2024 com um resultado líquido de 175,8 milhões de dólares, sustentado por ganhos consistentes de valorização dos activos, revela um relatório das suas demonstrações financeiras, divulgado esta sexta-feira, em Luanda.
De acordo com o relatório, "o desempenho positivo, reflecte uma gestão prudente, diversificada e focada na criação de valor sustentável", adiantando que o activo total do Fundo registou um crescimento de cinco por cento, alcançando 3,99 mil milhões de dólares.
No relatório, o Fundo Soberano de Angola destaca o desempenho positivo foi impulsionado pela valorização da carteira de investimentos, diversificação de activos e aposta em sectores estratégicos para o desenvolvimento económico sustentável do país.
A carteira de investimentos atingiu 2,43 mil milhões de dólares, repartidos entre 1,73 mil milhões em activos líquidos e 704 milhões em activos alternativos, adianta o relatório, sublinhando que "o Fundo detém valores a receber do Estado, no montante de USD 1,44 mil milhões".
Em termos de rentabilidade, o fundo apresentou um retorno de oito por cento, em 2024, superando a
média de retorno dos fundos soberanos globais, que se situou em seis por cento, no mesmo período, sublinha o documento, confirmando a eficácia da estratégia de alocação de activos e a capacidade de gerar valor, mesmo num contexto de volatilidade elevada nos mercados internacionais.
A política de investimento adoptada, baseada na diversificação e na gestão activa de riscos, permitiu capturar oportunidades estratégicas e garantir resultados sólidos, reforçando o compromisso do fundo com a preservação do capital, sustentabilidade financeira e desenvolvimento económico de Angola, lê-se no relatório.
Relativamente a carteira dos investimentos líquidos, os mesmos registaram uma rentabilidade de 9,5 por cento, superando largamente a meta projectada de cinco por cento, sublinha o documento, enfatizando que este resultado foi impulsionado por exposições estratégicas em tecnologia, serviços financeiros, telecomunicações e indústria, maioritariamente alocadas na América do Norte.
Segundo o relatório, o fundo manteve alocações prudentes em títulos de renda fixa de elevada qualidade de crédito, emitidos por governos e corporações do G7, reforçando a estabilidade da carteira.
"Esta carteira manteve gerida de forma activa e diversificada, com a maior parte dos recursos alocados a quatro gestores externos de referência global, nomeadamente Ninety One UK Limited, Oaktree Capital Management (UK) LLP, Western Asset Management Company Limited e Aliance Bernstein Limited (AB)", esclarece o documento.
Por sua vez, a carteira de investimentos alternativos obteve uma taxa de retorno de cinco por cento, tendo o seu crescimento sido sustentado por um conjunto diversificado de activos em sectores prioritários, como agricultura, mineiro, hotelaria e saúde, com enfoque geográfico na África Subsariana.
A diversificação sectorial foi reforçada em 2024 com a aquisição de participações societárias em instituições financeiras multilaterais africanas, nomeadamente Africa Financial Corporation (AFC), Trade Development Bank (TDB) e Africa Export and Import Bank (AfreximBank).
Estes activos oferecem retornos consistentes e visam fortalecer o posicionamento estratégico do fundo junto de grandes plataformas financeiras pan-africanas, facilitando o acesso ao financiamento para projectos estruturantes.
O relatório revela que as perspectivas para 2025 e de médio prazo vai seguir a estratégia definida para o quinquénio 2024-2028, com foco na diversificação de activos e na maximização de retornos sustentáveis.
Entre os destaques para 2025 ressalta a materialização da participação no projecto Amufert, com a realização de capital no valor de 110 milhões dólares, dos 300 milhões comprometidos.
Trata-se de um complexo industrial integrado de produção de fertilizantes (amónia e ureia) a erguer-se
no município do Soyo, província do Zaire, investimento enquadrado na estratégia do fundo de apoio ao sector agro-industrial, visando fortalecer a cadeia de abastecimento agrícola, reduzir a dependência de importações e promover a produtividade nacional.
Estão ainda previstos a dinamização de financiamento para operacionalização do Sheraton Hotel Luanda,
reforçando o portfólio hoteleiro de alto padrão, assim como avaçar com os projectos farmacêuticos Vitalflow e Thera, voltados para a produção nacional e inovação no sector da saúde, além de outros da proteína animal, voltados para a produção nacional do frango.