Banco Mundial realça papel do Corredor do Lobito no avanço do sector ferroviário em África


Washington – O Corredor do Lobito, que liga Angola à República Democrática do Congo (RDC) e à Zâmbia, vai contribuir para o avanço do sector ferroviário e tornar menos onerosas as trocas comerciais entre os países africanos, realçou este sábado, em Washington (EUA), o presidente do Grupo Banco Mundial, Ajay Banga.
O gestor da maior instituição financeira do mundo fez este reconhecimento durante a sessão plenária das assembleias anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, evento principal que reúne governadores, ministros das Finanças, banqueiros centrais e outras autoridades.
Na ocasião, Ajay Banga referiu que, quando se cria um corredor que transporta mercadoria de comboio, em vez de camião, isto é desenvolvimento inteligente, que dura e procura reformatar o trabalho das instituições de financiamento público.
Quando se cria uma estrada que conecta uma fábrica a um mercado, ela é construída com qualidade para resistir a inundações e não ter que ser reconstruída, frisou.
Recordou que, no ano passado, 48% do financiamento da sua instituição foi qualificado como tendo co-benefícios climáticos, o que excedeu às expectativas do GBM. Dentro disto, a resiliência constituiu 43% da carteira do sector privado, uma subida de um terço comparativamente aos anos transactos.
“Muitos países querem reforçar sistemas fulcrais, mas nós estamos a lançar avaliações financeiras de última geração para podermos recanalizar o nosso gasto para prioridades de grande impacto no mercado. O FMI aqui tem sido muito útil para reduzir riscos antes de escalarmos com 21 mil milhões de dólares no último ano fiscal”, sublinhou.
Por sua vez, a directora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, referiu que o sistema de comércio internacional, que beneficiou muitas pessoas, está a ser abalado profundamente por muitas razões, inclusive porque as regras não eram equitativas nem niveladas para todos e muitas pessoas foram deixadas para trás, recebendo muito pouca ajuda para se recuperar e, assim, encontrar um novo emprego.
Disse que tem se assistido à aplicação de medidas, não tarifárias assertivas, como licenças de importação, controlo de importação e taxas de importação. Até o momento, salientou, 188 dos 191 países-membros conseguiram evitar essas acções retaliatórias em forma de tarifas.
Disse que o FMI fornecerá apoio a todos os países-membros, com foco na gestão das implicações macroeconómicas.
Informou que se estima que 72% do comércio internacional ainda se baseie no princípio da sociedade mais favorecida, tendo acrescentado que os países usam a sua menor taxa bilateral e a aplicam a todos os processos comerciais.
“Nosso trabalho, em desenvolvimento de capacidades, abrange consultoria operacional, com quase três mil projectos concluídos e executados no ano passado, treinamento com mais de 500 cursos, atendimento a mais de 19 mil funcionários governamentais no mesmo período e organização de eventos como, em Fevereiro passado, na nossa primeira conferência sobre mercados emergentes, realizada na Arábia Saudita, em parceria com o ministro das Finanças.”, referiu.
Acrescentou que, a actividade de crédito do FMI, ancorada na justiça económica e na sua condicionalidade, abrange actualmente programas com 43 países-membros, para os quais 37 biliões de dólares foram aprovados desde Outubro e quase 5 bilhões de dólares foram alocados aos nove países de baixa renda.
Disse que a instituição está a avançar com as reformas acordadas, no ano passado, para auto-sustentabilidade, o que significa, em primeiro lugar, alocar mais de 9,4 biliões de dólares numa conta provisória ao longo de cinco anos e, em segundo lugar, chegar ao ponto em que 90% do capital desta conta seja alocado ao Fundo PRGT.
A sessão plenária das assembleias anuais do FMI e do Grupo Banco Mundial marca o fim dos trabalhos oficiais e nela são adoptadas decisões oficiais, como aprovação de demonstrações financeiras e orçamentos, e a eleição de directores executivos.
Integraram a delegação angolana, chefiada pelo ministro do Planeamento, Victor Hugo Guilherme, o secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, Ottoniel dos Santos, responsáveis do Ministério das Finanças, Planeamento, Transportes e do Banco Nacional de Angola (BNA).
As reuniões anuais do Grupo Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional decorreram de 13 a 18 de deste mês, em Washington. As próximas reuniões anuais acontecem na Tailândia, em Outubro de 2026.