UE e Egipto defendem Estado palestiniano


Cairo - O Chefe de Estado egípcio, Abdelfatah al Sisi, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, concordaram, sábado, em definir um "horizonte político baseado numa solução de dois Estados" para Israel e a Palestina.
"Concordámos com o princípio da não deslocação forçada de palestinianos e com um horizonte político baseado numa solução de dois Estados", publicou Von der Leyen na sua conta na rede social X (antigo Twitter) no final de uma reunião com o Presidente do Egipto, no Cairo.
O Presidente do Egipto, Al Sisi, vincou que o país rejeita de forma "categórica a deslocação de palestinianos, seja internamente ou para fora de suas terras, especialmente para as terras egípcias do Sinai", reiterando que "a única solução para a causa palestiniana reside em alcançar uma solução abrangente e uma paz justa baseada na solução de dois Estados".
Durante a reunião, que contou, também, com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh Shukri, e de altos responsáveis da União Europeia (UE), o Presidente egípcio reiterou a "necessidade de um cessar-fogo imediato em Gaza e da protecção dos civis", além de que seja garantida a entrega de ajuda humanitária à população do enclave palestiniano, que vive um "enorme sofrimento humanitário".
Por seu lado, a presidente da Comissão Europeia agradeceu ao Egipto "pelo seu papel-chave na prestação e facilitação da ajuda humanitária aos palestinianos vulneráveis". Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a 7 de Outubro, o Egipto mobilizou-se para retirar feridos da Faixa de Gaza para hospitais próximos ao norte do Sinai, a fim de gerir a entrada de ajuda humanitária e combustível no enclave e para mediar a libertação de reféns e um cessar-fogo.
No entanto, o Presidente egípcio apelou à comunidade internacional para que cumpra as suas responsabilidades e "implemente as resoluções do Conselho de Segurança e da Assembleia-Geral das Nações Unidas" a este respeito.
No encontro, as partes discutiram ainda formas de melhorar as relações de cooperação entre o Egipto e a União Europeia, no âmbito da parceria estratégica.
Após a reunião, Von der Leyen deslocou-se até à passagem fronteiriça de Rafah, que liga o norte do Sinai egípcio à Faixa de Gaza, para ver no terreno a ajuda humanitária que entra no enclave palestiniano.
A responsável europeia segue para Amã, capital da Jordânia, onde se reunirá com o rei do país, Abdullah II, para também falar da guerra entre Israel e o Hamas, que já fez mais de 16.000 mortos, segundo informações do Ministério da Saúde de Gaza.
Por seu lado, o secretário-geral do movimento Iniciativa Nacional Palestina, Mustafa Barghouti, alertou a comunidade internacional para contrariar a tentativa de evitar um Estado palestiniano independente.
Os Estados Unidos e Israel pretendem ocupar a Faixa de Gaza e interferir na sua governação após a guerra, mas os palestinianos jamais aceitarão tal perspectiva, disse o proeminente político e funcionário palestiniano.
"Os EUA querem que Israel intervenha directamente na Faixa de Gaza após o fim da guerra", realçou o político, citado na imprensa brasileira. "No entanto, os palestinianos não vão permitir isso, interferir em seus assuntos e separar a Faixa de Gaza da Cisjordânia, e esquecer o direito à autodeterminação”, acrescentou.
Para Barghouti, Israel "só conseguiu matar civis desarmados" desde o início do conflito. "Tudo o que eles podem fazer é matar civis, destruir hospitais com os pacientes, deportar pessoas à força do Norte para o Sul", e "não há dúvida de que o Exército israelita já cometeu uma série de crimes de guerra durante a agressão em Gaza", concluiu.