Congressistas advertem o Pentágono sobre preparação para uma eventual guerra
Washington - Dois comités do parlamento norte-americano advertiram que os Estados Unidos estão a ficar rapidamente para trás em relação à China na preparação para uma eventual guerra, que pode ocorrer a "qualquer momento".
Os comitésdo Congresso acusaram na quarta-feira o Pentágono, responsável pela defesa dos EUA, de excesso de burocracia e lentidão em adoptar novas tecnologias.
Republicanos e democratas em ambos os comités enalteceramo trabalho da administração do Presidente Joe Biden para estabelecer novas alianças, como a parceria de tecnologia militar entre os EUA, Reino Unido e Austrália, conhecida como Aukus, e a cooperação de segurança recentemente formalizada entre os EUA, Japão e Coreia do Sul.
No entanto, os procedimentos desactualizados do Departamento de Defesa em matéria de segurança e de aquisições foram apontados como obstáculo, em especial no que respeita à Aukus.
O presidente docomité para osNegócios Estrangeiros da Câmara dos Representantes, Michael McCaul, disse que os burocratas do Pentágono ainda não autorizaram as transferências de tecnologia dos EUA para os dois membros da aliança, quase um ano após a aprovação de uma isenção.
"A administração mantém uma longa lista de tecnologias excluídas que limita a sua eficácia", disse Michael McCaul durante uma audição, citando redes de comunicações, acústica naval e motores a jacto como estando entre as tecnologias avançadas que estão a ser retidas.
"Estes são os nossos aliados mais próximos, com quem partilhamos as nossas informações mais sensíveis", acrescentou o republicano do Texas.
As audições decorreram no meio de divergências entre os legisladores sobre o orçamento federal e o orçamento anual da Defesa, à medida que se aproximam as eleições presidenciais de 05 de Novembro nos EUA.
A inflexibilidade das aquisições militares foi mencionada de forma mais ampla pelos membros do comité paraa Estratégia de Defesa Nacional autorizadopelo Congresso, em 2022 e 2024, a avaliar o estado de prontidão da segurança nacional dos EUA.
O relatório mais recenteadvertiuque os EUA precisam de um exército significativamente maior para lidar com as ameaças simultâneas da China, Rússia, Irão e Coreia do Norte.
O documento peloutambém a uma força mais integrada, a uma revisão radical da base industrial dos EUA, a laços mais estreitos com os aliados e a uma abordagem da defesa que alcance "todo o governo".
"Acreditamos unanimemente que a estratégia de defesa nacional está lamentavelmente desactualizada", declarou Jane Harman, uma antiga congressista de longa data que representou a Califórnia e co-autora do relatório.
"Durante anos, o nosso governo não conseguiu manter-se actualizado. Todo o nosso sistema e o Pentágono em particular são avessos ao risco", explicou.
Eric Edelman, que foi subsecretário da Defesa do antigo presidente George W. Bush, foi mais directo.
"Há um potencial real paraguerra a curto prazo, que seria difícil imaginar que não fosse uma guerra global", disse Edelman, que também foi embaixador dos EUA na Turquia e na Finlândia.
"E há a possibilidade de perdermos esse conflito. A parceria entre a China, Rússia, Irão e a Coreia do Norte representa uma grande mudança no ambiente estratégico", apontou.
Perante todas estas ameaças, o número dois da diplomacia dos EUA, Kurt Campbell, disse que "a Guerra Fria não tem comparação" e defendeu que o Pentágono e outros departamentos precisam de mais pessoal que compreenda a tecnologia avançada.
"Precisamos de mais pessoas no governo que saibam o que é a Inteligência Artificial, que saibam o que é a computação quântica, que saibam como criar incentivos para as nossas próprias indústrias, mas que também impeçam que algumas das capacidades críticas cheguem aos países que estão a competir intensamente connosco", disse.