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Israel demite reservistas a favor do fim da guerra em Gaza

Israel demite reservistas a favor do fim da guerra em Gaza
Israel demite reservistas a favor do fim da guerra em Gaza Imagens: DR

Redacção

Publicado às 08h51 11/04/2025

Telavive - O comandante da Força Aérea israelita anunciou, quinta-feira, a demissão dos pilotos reservistas que pediram, numa carta publicada na imprensa, a libertação de reféns, mesmo que isso signifique pôr fim à guerra em Gaza.

“Com o total apoio do chefe do Estado-Maior, o comandante da FAI [Força Aérea Israelita] decidiu que qualquer reservista no activo que tenha assinado a carta não poderá continuar a servir”, disse o responsável, citado pela agência de notícias France-Presse AFP.

Cerca de mil reservistas activos e reformados da Força Aérea israelita assinaram uma carta, divulgada na imprensa esta quinta-feira, a pedir que se acabe com a ofensiva na Faixa de Gaza se essa for a única forma de conseguir libertar os reféns ainda detidos pelo grupo islamita Hamas.

“A guerra serve interesses políticos e pessoais; só um acordo garantirá o regresso seguro dos reféns”, afirmaram os signatários, sublinhando que “a continuação da guerra não promove nenhum dos objetivos declarados e resultará na morte de reféns, soldados e civis inocentes”.

“Como já foi comprovado no passado, só um acordo pode devolver os reféns em segurança, sendo que a pressão militar leva principalmente à morte de reféns e a riscos para os nossos soldados”, declararam os reservistas, pedindo que “todos os cidadãos de Israel se mobilizem”.

Com exceção de cinco dos signatários, todos forneceram os nomes, o que significa que são veteranos, embora o portal online de notícias israelita Ynet tenha indicado que cerca de 10% são reservistas no activo. Entre os nomes está o de Dan Halutz, antigo chefe do Estado-Maior.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, criticou os signatários, afirmando que “recusar servir é recusar servir, mesmo que isso seja dito de forma implícita ou através de linguagem velada”.

Para Netanyahu, estas declarações “enfraquecem as FDI e fortalecem os inimigos em tempo de guerra”, pelo que “são imperdoáveis”. Netanyahu manifestou também apoio à decisão de destituir os signatários.

“Já tentaram fazê-lo antes de 7 de Outubro [de 2023, quando o grupo islamita Hamas atacou território israelita, dando início à guerra], e o Hamas interpretou os apelos como fraqueza”, disse, numa aparente referência aos protestos contra o seu plano de reforma judicial.

“Este grupo marginal ruidoso mobiliza-se com um único objetivo: derrubar o Governo. Não representa os combatentes nem o público”, garantiu Netanyahu, numa mensagem publicada nas redes sociais.

Também o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, manifestou a “firme rejeição” à carta, que descreveu como “uma tentativa de minar a legitimidade da guerra justa que as FDI estão a liderar em Gaza, pelo regresso dos reféns e pela derrota da organização terrorista assassina Hamas”.

“Confio no julgamento do chefe do Estado-Maior [Eyal Zamir] e do comandante da Força Aérea [Tomer Bar] e estou convencido de que vão lidar com este fenómeno inaceitável da forma mais apropriada”, considerou o ministro, citado pelo jornal The Times of Israel.

Na quarta-feira, Katz ameaçou o Hamas com ataques crescentes se não forem libertados os reféns, reiniciados a 18 de Março, em violação do acordo de cessar-fogo alcançado em janeiro.

A decisão do Governo israelita de relançar a sua ofensiva que, entretanto, se alastrou a vários pontos do enclave, foi criticada pela oposição e pelo Fórum dos Familiares de Reféns e Desaparecidos e desencadeou novas manifestações por todo o país, criticando a estratégia de Netanyahu e exigindo um acordo que resultasse na libertação de todos os reféns.

As autoridades de Gaza, onde o Hamas está no poder desde 2007, estimaram na quarta-feira o número de mortos em quase 50.850, como resultado da ofensiva militar de Israel contra o enclave após os ataques do movimento palestiniano a 07 de Outubro de 2023.

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