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AIEA admite que Irão está perto de produzir uma bomba atómica

AIEA admite que Irão está perto de produzir uma bomba atómica
AIEA admite que Irão está perto de produzir uma bomba atómica Imagens: DR

Redacção

Publicado às 20h02 16/04/2025

Teerão - O Irão está perto de ter uma bomba atómica, alertou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), numa entrevista ao jornal "Le Monde", publicada esta quarta-feira, poucas horas antes da sua visita a Teerão.

“É como um puzzle: eles têm as peças e um dia podem juntá-las. Ainda há um longo caminho a percorrer antes de lá chegarem. Mas não estão longe, temos de admitir”, disse.

“Não basta dizer à comunidade internacional 'não temos armas nucleares' para que acreditemos. Precisamos de ser capazes de verificar”, acrescentou.

O diretor-geral da agência, Rafael Mariano Grossi, deverá chegar ainda hoje ao Irão para discutir formas de melhorar o acesso dos seus inspetores ao programa de Teerão.

A AIEA desempenhou um papel fundamental na verificação da conformidade do Irão relativamente ao acordo nuclear de 2015, assinado com cinco potências mundiais, e continuou a trabalhar na República Islâmica mesmo depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter retirado unilateralmente os Estados Unidos do acordo, em 2018.

Desde então, o Irão enriqueceu urânio muito para além dos limites permitidos pelo antigo acordo e conta agora com 274 quilos de urânio enriquecido com 60% de pureza, próximo dos 90% de grau militar, de acordo com a AIEA.

“A continuação do compromisso e da cooperação com a agência é essencial numa altura em que são urgentemente necessárias soluções diplomáticas”, escreveu Grossi na rede social X.

Desde que regressou à presidência dos EUA, Donald Trump insiste em negociar com o Irão sobre o seu programa nuclear, ameaçando lançar uma ação militar contra os iranianos se não for alcançado um acordo.
Apesar disso, o chefe da diplomacia iraniano afirmou hoje que a questão do enriquecimento de urânio “é inegociável”.

Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, há muito que suspeitam que o Irão deseja adquirir armas nucleares, apesar de Teerão rejeitar estas alegações e defender o direito à energia nuclear para fins civis.

O Irão e os Estados Unidos, que não mantêm relações diplomáticas desde 1980, mantiveram conversações no passado sábado, mediadas pelo sultanato de Omã, sobre o programa nuclear iraniano e deverão voltar a reunir-se no próximo sábado.

Em entrevista à agência Reuters, o chefe do órgão, Rafael Grossi, disse que a República Islâmica está aumentar "em sete, oito ou mais vezes" a quantidade de urânio enriquecido a 60% – hoje estimada em cinco a seis quilos por mês – e se aproximando dos cerca de 90% necessários à fabricação de armas nucleares.
Segundo Grossi, o Irão já dispõe de recursos suficientes para a fabricação de quatro bombas atômicas.
"Isso é uma mensagem. É uma mensagem clara de que o Irão está a responder ao que sentem como pressão", disse o chefe da IAEA.

O governo iraniano nega trabalhar na fabricação de armas nucleares e insiste que seu programa nuclear tem propósitos meramente civis.

Mas a Europa e os Estados Unidos argumentam que não há razões civis para enriquecer urânio a 60%. Países que chegaram a esse patamar se tornaram produtores de bombas.
Grossi disse que inspectores da ONU planeiam averiguar a situação no Irão após o país notificar a agência sobre os seus planos.

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