Reino Unido inicia processo de nacionalização do sistema ferroviário


Londres - A companhia ferroviária South Western Railway, que opera no sudoeste da Inglaterra, tornou-se no domingo (25 de Maio) a primeira a regressar ao controlo público como parte da campanha de nacionalização do sistema ferroviário pelo governo trabalhista britânico, anuncia a AFP.
Todas as operadoras ferroviárias britânicas devem ser renacionalizadas até ao final de 2027, quando as concessões chegam ao fim.
A reforma foi anunciada desde o regresso dos trabalhistas ao poder em Julho de 2024, após 14 anos de governo conservador.
“A South Western Railway agora pertence ao sector público. E isso é apenas o começo”, escreveu o primeiro-ministro Keir Starmer na rede social X.
“Isto será traduzido num serviço melhor, uma venda de passagens mais simples e comboios mais confortáveis”, afirmou.
A privatização do sector ferroviário aconteceu em meados da década de 1990, durante o governo do primeiro-ministro John Major, que seguiu a política liberal de Margaret Thatcher na década de 1980.
Apesar da promessa de um serviço melhor, mais investimentos e custos menores para o Estado, o projecto não foi popular na época, criticado pelos sindicatos, pela oposição, por alguns conservadores e por grande parte da população.
O número de passageiros aumentou inicialmente, assim como os investimentos. Mas um descarrilamento provocado por microfissuras nos trilhos, que deixou quatro mortos no ano 2000, provocou uma grande comoção entre a opinião pública.
Cancelamentos e atrasos também se tornaram comuns e os preços provocaram descontentamento dos passageiros.
Segundo dados oficiais, 4% das viagens de comboios foram canceladas este ano no Reino Unido.
A rede ferroviária Network Rail já está sob o controlo público.
A maioria trabalhista aprovou no final de Novembro uma lei que determina a nacionalização das operadoras privadas no final das suas concessões (ou até mesmo antes, em caso de má gestão) para reuni-las num organismo chamado “Great British Railways”.
A espera pelo fim dos contratos permite, segundo o governo, evitar o pagamento de indemnizações às actuais operadoras. Os sindicatos do sector celebraram a recuperação das ferrovias pelo Estado.