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Militares e blindados apoiam agentes anti-imigração em Los Angeles

08/07/2025 20h40
Los Angeles - A agência norte-americana de imigração e alfândegas (ICE, na sigla em inglês) lançou esta terça-feira uma operação de detenção de imigrantes ilegais em Los Angeles, com apoio de militares da Guarda Nacional e blindados.
A operação no Parque MacArthur, num bairro cerca de 3 km a oeste do centro de Los Angeles e com uma grande população imigrante, inclui 90 militares da Guarda Nacional da Califórnia, 17 blindados Humvee, quatro veículos tácticos, duas ambulâncias e soldados armados, segundo a agência Associated Press (AP).
A operação surge depois de no mês passado Los Angeles ter vivido tumultos quando o Presidente Donald Trump enviou para a cidade milhares de membros da Guarda Nacional e fuzileiros navais no activo, em reacção a protestos contra operações anteriores de imigração.
Trump tem vindo a intensificar os esforços para cumprir a sua promessa de campanha de deportar milhões de imigrantes ilegais e demonstrou vontade de utilizar internamente o poderio militar do país, algo que outros presidentes quase sempre evitaram.
As autoridades disseram aos jornalistas que a operação hoje desencadeada não é de natureza militar, e que a principal função dos soldados seria proteger os agentes de imigração em caso de concentração de uma multidão hostil.
A presença militar "vai ser mais ostensiva e abrangente do que costumamos participar", disse à AP um dos responsáveis, sob anonimato.
Os militares, adiantou o responsável, não estão a participar em qualquer actividade policial como detenções, mas podem deter temporariamente os cidadãos, se necessário, antes de os entregarem às autoridades.
A zona onde decorre a operação é conhecida como "Ilha Ellis da Costa Oeste", em referência à ilha em Nova Iorque que serviu de ponto de entrada histórico de milhões de imigrantes na Costa Leste dos Estados Unidos.
A população da zona é constituída sobretudo por imigrantes mexicanos, centro-americanos e de outras proveniências.
Periodicamente, as autoridades desmantelam ali acampamentos e as equipas de assistência médica atendem residentes sem-abrigo.
Mais de quatro mil membros da Guarda Nacional da Califórnia e centenas de fuzileiros navais norte-americanos estão destacados em Los Angeles desde Junho --- contra a vontade do governador da Califórnia, Gavin Newsom.
Na semana passada, o exército anunciou que cerca de 200 destes soldados regressariam às suas unidades para apoiar no combate a incêndios florestais.
O executivo de Donald Trump foi acusado na semana passada por diversas associações de ilegalidades e discriminação racial na vaga de detenções policiais de imigrantes ilegais na região de Los Angeles nas últimas semanas.
O processo de 63 páginas, interposto no Tribunal Distrital para a Califórnia Central, alega que o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) "sequestrou e fez desaparecer" membros da comunidade através de práticas ilegais de detenção e prisão com base na cor da pele, de acordo com os advogados de acusação.
O processo acusa ainda o DHS de confinar os detidos num edifício federal em Los Angeles em condições ilegais que colocam em risco a sua saúde e de lhes negar o acesso a advogados.
Os autores da queixa judicial, cinco trabalhadores detidos e quatro organizações - a Rede de Centros de Trabalhadores de Los Angeles, a União de Trabalhadores Agrícolas (UFW), a Coligação para Direitos de Imigração Humanos (CHIRLA) e o Centro Legal de Defesa dos Imigrantes - argumentam que a administração Trump prendeu e deteve pessoas "inconstitucionalmente" para cumprir uma quota de prisão "arbitrária".
A acção judicial solicita ao tribunal que emita injunções permanentes para impedir futuras violações dos seus direitos garantidos constitucionalmente.
Espera-se que o tribunal responda à ação em breve, ordenando uma moratória nas rusgas policiais e exigindo o acesso a representação legal para os detidos.