Tailândia e Camboja concordam com cessar-fogo imediato e incondicional


Banguecoque - Tailândia e o Camboja alcançaram um “cessar-fogo imediato e incondicional” que vai começar à meia-noite, hora local.
A informação foi avançada pelo primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, que recebeu as delegações dos dois países para mediar as negociações, noticiou o portal Notícias ao Minuto.
Em conferência de imprensa, Ibrahim, citado pelo BBC news, afirmou que “este foi um primeiro passo vital para de-escalar o conflito e restaurante a paz e a segurança” na região.
Do lado cambojano, também foi deixada uma palavra positiva sobre a reunião, com o primeiro-ministro do Camboja a afirmar que tiveram uma “reunião muito boa” e que espera que os confrontos possam parar “de imediato”, realçando que mais de 300 mil pessoas nos dois países estão deslocadas.
Manet disse ainda estar confiante que os resultados da conversa vão “fornecer muitas oportunidades para que centenas de milhares de pessoas regressem à normalidade”. E acrescenta: “está na altura de começar a reconstruir a confiança entre o Camboja e a Tailândia”.
De fora do discurso também não ficaram de fora os agradecimentos, nomeadamente ao primeiro-ministro da Malásia, a Donald Trump e ainda ao governo chinês pelo trabalho de mediação no conflito.
O seu homólogo tailandês também teve direito a uma palavra, com Hun Manet a agradecer o seu envolvimento “construtivo” nas conversas de paz.
Já o discurso do primeiro-ministro tailandês Phumtham Wechayachai fez um discurso mais curto, afirmando que o cessar-fogo foi alcançado “de boa fé” e que a Tailândia está comprometida com a paz.
Na manhã seguinte à entrada em vigor do cessar-fogo, ou seja, esta terça-feira, os comandantes militares vão ter uma “reunião informal” por volta das 7h locais. Vai ser seguida por uma reunião de adendas à defesa, no dia 4 de Agosto, liderada pelo presidente da Associação de Nações do Sudeste Asiático.
Após semanas de tensão, os exércitos da Tailândia e do Camboja entraram em confronto a semana passada numa zona fronteiriça disputada, um dia depois de um soldado tailandês ter perdido a perna direita ao pisar uma mina terrestre em território fronteiriço, em Ubon Ratchathani.
Este foi já o segundo incidente do género este mês, e levou a Tailândia a retirar o embaixador no Camboja e a expulsar o embaixador cambojano em Banguecoque.
As autoridades tailandesas responsabilizam o Camboja pela instalação de minas terrestres em território tailandês, o que, segundo Banguecoque, constitui uma violação da Convenção de Otava, acordo internacional que proíbe o uso, o armazenamento, a produção e a transferência de minas terrestres anti-pessoal, de acordo com a emissora pública Thai PBS.
Banguecoque e Phnom Penh estão envolvidas numa disputa territorial de longa data na fronteira partilhada, que se intensificou desde o final de Maio, quando um soldado khmer morreu num tiroteio numa zona conhecida como Triângulo Esmeralda, fronteira comum entre Camboja, Tailândia e Laos.
No dia seguinte ao tiroteio, os exércitos tailandês e cambojano concordaram em reduzir as tensões, mas Phnom Penh manteve tropas na zona, apesar dos pedidos de retirada de Banguecoque que decidiu, então, assumir o controlo da "abertura e encerramento" de todas as fronteiras com o Camboja, por considerar existir uma "ameaça à soberania e segurança da Tailândia", disseram, na altura, as autoridades tailandesas.
A decisão não afectou o comércio e os trabalhadores cambojanos continuavam autorizados a entrar na Tailândia.
Em Junho, contudo, Banguecoque fechou temporariamente dois postos fronteiriços com o Camboja, na província tailandesa de Chanthaburi (leste), num contexto de tensões mútuas.