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Empresas israelitas impedidas de participar em feira nos Países Baixos

Empresas de armas israelitas impedidas de participar em feira nos Países Baixos
Empresas de armas israelitas impedidas de participar em feira nos Países Baixos Imagens: DR

Redacção

Publicado às 21h18 21/08/2025

Roterdão - A Feira Neerlandesa de Defesa e Segurança (NEDS), que vai decorrer em Roterdão, vetou empresas de armas israelitas devido à "agitação social" causada pela crise humanitária desencadeada por Israel em Gaza.

Quatro empresas israelitas tinham pedido espaço para um 'stand' na feira profissional, marcada para 20 de Novembro, mas a autorização foi negada, adiantou à televisão pública neerlandesa NOS Hans Huigen, director da Associação Neerlandesa da Indústria para a Defesa e Segurança (NIDV), que organiza a feira.

"A situação em Gaza agravou-se de tal forma que a agitação social, tanto a nível global como na Europa e nos Países Baixos, só está a aumentar. Comunicámos-lhes a nossa preocupação com a segurança na feira se eles participarem", explicou Huigen, citado pela agência de notícias EFE.

O mesmo responsável considerou que a deterioração da situação humanitária em Gaza não é tanto a razão subjacente para recusar a participação israelita, mas os riscos de segurança e possíveis protestos.
"Não nos cabe a nós emitir uma opinião sobre essa questão, mas temos um ouvido e uma visão do que está a acontecer na sociedade e na política a este respeito", disse.

A feira NEDS teve a participação de empresas israelitas nos últimos anos, o que já gerou tensões, notou Huigen, lembrando que no ano passado, os organizadores "tiveram de reforçar muito a segurança, e este ano isso só aumentaria" com a presença de empresas israelitas.

No ano passado, houve confrontos entre a polícia e manifestantes contra a presença destas empresas em Roterdão.

Além disso, Huigen salientou que os Países Baixos defendem, no âmbito da UE, a suspensão da parte comercial do acordo de associação com Israel.

"Neste contexto, é muito difícil justificar que estas empresas sejam bem-vindas na feira. A agitação social também podia ser dirigida contra o nosso evento. Se o que aconteceu no ano passado é alguma indicação, esperávamos que este ano fosse ainda pior, dada a situação em Gaza", acrescentou.

A decisão de banir as empresas israelita foi tomada pelo NIDV internamente, sem consultar o Governo, de acordo com Huigen.

Mais de 62 mil pessoas foram mortas em Gaza desde o início da ofensiva israelita, em Outubro de 2023, numa situação denunciada como genocídio por países como a África do Sul perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), uma qualificação que também tem sido usada por organizações internacionais e israelitas de direitos humanos.

Além disso, Israel aprovou na quarta-feira o controverso plano de expansão dos colonatos junto a Jerusalém Oriental, na área conhecida como 'E1', que impedirá o acesso à cidade a partir da Cisjordânia ocupada e dificultará a criação de um Estado palestiniano contíguo.

O Governo dos Países Baixos denunciou que esta abordagem constitui "uma clara violação do Direito internacional e tornaria praticamente impossível um futuro Estado palestiniano".
As autoridades neerlandesas também declararam dois ministros de extrema-direita do executivo de Benjamin Netanyahu -- Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich -- como 'persona non grata' no território, pelo que os governantes estão impedidos de viajar para este país da UE.

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