Prevenção do VIH conta com uma nova injecção aprovada pela Comissão Europeia


Bruxelas - A Comissão Europeia deu luz verde a uma nova injecção administrada duas vezes por ano para prevenir o VIH, anunciou esta terça-feira a farmacêutica Gilead Sciences.
A aprovação formal abre caminho para que o medicamento seja disponibilizado em todos os Estados-membros da União Europeia, bem como na Noruega, Islândia e Liechtenstein.
A decisão surge apenas um mês depois de a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ter recomendado a autorização de comercialização do fármaco, considerado por especialistas um marco no combate à epidemia.
O medicamento, denominado lenacapavir e que será comercializado na Europa com a marca Yeytuo, representa a primeira opção de profilaxia pré-exposição (PrEP) de administração semestral, eliminando a necessidade da toma diária de comprimidos.
O lenacapavir atua impedindo a replicação e disseminação do vírus no organismo, reduzindo drasticamente o risco de infecção em adultos e adolescentes. Ensaios clínicos demonstraram que a injeção foi 100% eficaz na prevenção do VIH, um resultado que levou especialistas a classificarem o fármaco como “uma das maiores descobertas médicas de 2024”.
Em comunicado, o diretor médico da Gilead, Dietmar Berger, sublinhou que a rápida decisão da Comissão Europeia “reforça o potencial transformador do Yeytuo para responder à necessidade urgente e não satisfeita de prevenção do VIH em toda a Europa”.
A aprovação surge num momento em que a Europa regista um aumento preocupante de novos casos de infecção. Em 2023, foram diagnosticados mais de 24.700 novos casos na União Europeia, Islândia, Liechtenstein e Noruega, o que representa um crescimento de 11,8% face a 2022.
O medicamento já tinha sido aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos e foi igualmente recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como opção adicional de prevenção.
A Gilead está também a procurar autorizações em países como Austrália, Brasil, Canadá, África do Sul e Suíça, devendo alargar o pedido a Argentina, México e Peru nos próximos meses.
Paralelamente, a farmacêutica comprometeu-se a disponibilizar versões genéricas em 120 países de baixo rendimento com elevadas taxas de infecção por VIH.