Ex-Presidente de Cabo Verde realça figuras de libertação de África


Luanda - O presidente da Fundação Amílcar Cabral e antigo Chefe de Estado de Cabo Verde, Pedro Pires, defendeu, terça-feira, a valorização das figuras que se destacaram na luta de libertação dos países africanos, para se combater combater a narrativa colonial, segundo o JA.
Intervindo, por videoconferência, sobre a trajectória e dimensão política, ética, humanista e pan-africanista de Amílcar Cabral, no Colóquio Internacional, disse que do ponto de vista histórico, para além de Amílcar Cabral, é fundamental valorizar e destacar o papel daqueles que colocaram a vida, esforços e capacidades ao serviço da libertação de África.
"Pensamos que, para além desta figura, há toda uma geração de políticos, escritores e investigadores africanos que formaram e constituíram essa geração de ruptura com o Estado colonial", afirmou, destacando a geração de Agostinho Neto, Eduardo Mondlane, Lúcio Lara, entre outros.
Pedro Pires, na qualidade de líder da Fundação Amílcar Cabral, realçou, na actividade realizada na Academia Venâncio de Moura, em Luanda, que o centenário do fundador do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) deve servir para uma nova visão sobre as lutas de libertação.
Agradeceu o Executivo angolano pela iniciativa de promover o diálogo, referindo que a celebração dos 100 anos de Amílcar Cabral deve ter "grande impacto” em Angola e de um modo geral na África Austral e no mundo.
"Na Fundação Amílcar Cabral, queremos que o Centenário chegue a toda a sociedade e instituições cabo-verdianas, África, Europa, aos Estados Unidos, à América do Sul", adiantou, sublinhando que terá um significado muito especial para todos e, principalmente, para a memória de Amílcar Cabral.
Na ocasião, o antigo Primeiro-Ministro de Cabo Verde, ao tempo em que era Presidente da República Aristides Pereira, afirmou que a Fundação Amílcar Cabral tem como objectivo preservar e difundir as obras da figura que liderou as independências de Cabo Verde e Guiné-Bissau.
"A função da nossa Fundação vem precisamente nessa direcção, a valorização da obra, do percurso e do combate, mas ao mesmo tempo a valorização da solidariedade e da luta em comum dos nossos países pela nossa libertação", acrescentou.
Por seu lado, o embaixador da Guiné-Bissau em Angola, Apolinário Mendes de Carvalho, considerou Amílcar Cabral um pan-africanista que contribuiu no processo de luta de libertação das antigas colónias portuguesas.
Disse que uma das razões de Amílcar Cabral ser objecto de estudo em vários países africanos, como pensador e uma pessoa que soube integrar num dos componentes importantes como o desenvolvimento humano, foi pelo facto de ser considerado um dos principais teóricos da luta anticolonialista.
Por sua vez, o nacionalista e académico moçambicano José Óscar Monteiro, que apresentou na conferência o subtema "A diplomacia interventiva de Amílcar Cabral: Pontos de contacto com a Luta de Libertação desenvolvida pela FRELIMO”, afirmou que a eloquência do líder histórico foi "uma dádiva para a luta das colónias portuguesas".
O colóquio internacional foi assistido pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, ministro das Relações Exteriores, Téte António, membros da família de Amílcar Cabral, do corpo diplomático acreditado em Angola, dos órgãos de soberania e de Defesa e Segurança, bem como membros da sociedade civil e líderes religiosos.
No acto, membros da família de Amílcar Cabral também marcaram presença, com destaque para a esposa Ana Maria Cabral e a filha Indira Cabral, que agradeceram o Executivo e de modo particular o Presidente da República, João Lourenço, e o povo angolano pela realização do colóquio internacional para mostrar Cabral ao mundo.
Além de felicitar o país pelo colóquio, Ana Maria Cabral comentou que a iniciativa deve interessar mais aos jovens, no sentido de terem conhecimento sobre a história da luta de libertação dos países africanos.