CONSTRUçãO

PR deseja participação de empresas egípcias no desenvolvimento do país

Presidentes de Angola e do Egipto - Edições Novembro
Presidentes de Angola e do EgiptoImagem: Edições Novembro

30/04/2025 11h13

Luanda - O Presidente da República, João Lourenço, manifestou, terça-feira, no Cairo, Egipto, o desejo de ver empresas egípcias em empreitadas de construção de infra-estruturas diversas no país, com destaque para estradas, auto-estradas, portos, caminhos-de-ferro e redes eléctricas, sobretudo redes de transmissão de energia.

 Segundo o JA Online, a intenção dada a conhecer à imprensa depois da assinatura de dois acordos de cooperação nos sectores das Obras Públicas e das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Serviços Postais pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, e pelo representante do Governo egípcio.

O Chefe de Estado angolano, que assistiu ao acto no Palácio Presidencial de Heliópolis ladeado do Presidente Abdel Fatah Al-Sisi, reforçou a pretensão de Angola cooperar com o Egipto em redes de transmissão de energia, não apenas a nível nacional, mas também para ligações e vender os serviços aos países vizinhos, nomeadamente Zâmbia e Namíbia.

Durante as conversações entre as duas delegações, informou o Chefe de Estado, foi expressa, igualmente, o interesse particular em cooperar no sector da Saúde e ver a indústria farmacêutica egípcia a implantar-se em Angola para a produção de medicamentos e vacinas.

João Lourenço exortou os investidores do sector da Saúde, em particular os da indústria farmacêutica, a investirem no país, numa fase em que o Executivo realiza grandes investimentos em termos de infra-estruturas, com equipamentos de ponta em alguns casos, formação e admissão de pessoal médico para assistência à população.

O Presidente da República disse, antes de se deslocar à cidade farmacêutica, sublinhou que, apesar dos avanços no sector, o país carece de produção de medicamentos e de vacinas.

Confirmou, igualmente, a força e a capacidade deste país Egipto no sector das Telecomunicações. “Estamos igualmente interessados em cooperar nesta área. O nosso ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação trabalha aqui no Egipto há já alguns dias, portanto, apenas para provar que o interesse nesse domínio também é grande”, frisou.

Entre os numerosos sectores em que o Egipto tem despontado, destacou a Defesa e Segurança, enfatizando as grandes capacidades daquele em matéria da indústria militar.

“Angola está interessada em beneficiar da capacidade que o Egipto possui, não apenas para recuperar técnica obsoleta, modernizá-la, mas vender eventualmente novo equipamento militar para o Exército e a Força Aérea. Portanto, estamos abertos a discutir, a negociar, para ver se nesse sector da Defesa também damos passos em frente”, declarou.

João Lourenço fez uma breve incursão histórica desde o estabelecimento das relações diplomáticas em Fevereiro de 1976, tendo afirmado que, de lá para cá, foi assinado um conjunto de instrumentos de cooperação, “que, mesmo assim, não serviram para colocarmos o nível das nossas relações de cooperação como era do desejo dos nossos respectivos povos”.

Quanto ao combate ao terrorismo, disse que Angola conhece a experiência e o sucesso que o Egipto alcançou nos últimos anos, registando o período de instabilidade vívido por aquele país, fase que conseguiu ultrapassar e superar com bastante mestria.

Por conta disso, afirmou que Angola pretende, também, trabalhar e aprender com o Egipto, para colher experiência nesse domínio, por se tratar de uma questão que afecta potencialmente todos os países do mundo.

“Aqueles países que não foram atingidos pelo terrorismo, em princípio não devem cruzar os braços, devem estar preparados para enfrentá-lo, em caso de surgimento”, ressaltou.

No Cairo, o Presidente da República vincou que Angola pretende ver incrementada a cooperação em todos os domínios, com investimento privado directo nos dois países.

Realçou que as partes acordaram a realização, o mais cedo possível, da Comissão Mista Bilateral entre os dois países, como forma de ambos começarem a implementar os acordos já existentes e os dois ontem assinados.

Delegações discutiram questões multilaterais

João Lourenço e Abdel Fatah Al-Sisi abordaram, também, questões não bilaterais. O Chefe de Estado angolano disse que pretende colher a experiência do homólogo do Egipto, tendo em conta o facto de ter sido Presidente da União Africana. Um propósito que teve a anuência do homólogo Abdel Fatah Al-Sisi.

As partes passaram em revista muitos dos conflitos existentes no continente, nomeadamente o que opõe a RDC e o Rwanda, no Sudão, no Sudão do Sul, a instabilidade nos países da Região do Sahel, a situação na Somália, no Corno de África, para além do conflito no Médio Oriente, mais concretamente na Faixa de Gaza, Palestina.

Neste último conflito, João Lourenço confirmou que o Egipto tem desempenhado um papel muito importante na busca de uma solução definitiva do conflito, que já dura há pelo menos, 80 anos. “Precisamos encontrar uma solução definitiva, que passa necessariamente pela criação do Estado da Palestina, como, aliás, é decisão dos Estados-membros das Nações Unidas”, sublinhou.

Adiantou que, “através de resoluções já aprovadas, todos apontando para a mesma direcção assumida pelo Conselho de Segurança da ONU, que reconhece como solução única viável deste conflito a criação do Estado soberano da Palestina, a conviver lado a lado com o Estado de Israel”.

Entre os esforços do líder do Egipto, Abdel Fatah Al-Sisi, apontou a realização recente, na cidade do Cairo, da Cimeira da Liga Árabe, que aprovou o plano de reconstrução da Faixa de Gaza, que só poderá ser concretizado numa situação de paz definitiva naquele território.

“Estamos esperançados que a situação no Médio Oriente vai, mais cedo ou mais tarde, acabar por se normalizar”, disse.

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